Justiça

“Ter chapas encabeçadas por mulheres já é minha 1ª vitória", diz Ana Patrícia sobre próximas eleições da OAB-BA

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Advogada promete participar da disputa marcada para acontecer em novembro com uma chapa "plural" e "inovadora". Nomes serão anunciados no dia 7 de setembro  |   Bnews - Divulgação Divulgação / OAB-BA / Arquivo

Publicado em 21/08/2021, às 17h39   Lucas Pacheco e Marcos Maia


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A advogada Ana Patrícia Dantas Leão avalia que a existência de outras candidaturas femininas no pleito que escolherá os novos dirigentes da seccional baiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA) já é a sua "1ª vitória" nessa disputa. 

Em entrevista ao BNews, a primeira mulher a ocupar a vice-presidência da entidade explica que resolveu romper com o grupo à frente da instituição há nove anos motivada pela necessidade de "dar efetividade ao discurso democrático e representativo".

"Enquanto mulher, senti que era preciso trilhar caminho próprio, em busca de espaços, sem mordaças ou disfarces; era chegado o momento de conquistar, pela luta, pelo esforço e pelo trabalho prestado à instituição ao longo dos últimos anos, um lugar histórico e estruturalmente 'reservado' aos homens", explicou.

Além de Dantas, as advogadas Daniela Borges e Christianne Gurgel são pré-candidatas a presidente e vice-presidente da instituição, respectivamente, com o apoio do atual presidente da OAB-BA, Fabrício Castro. Ele não disputará a reeleição.

Ela avalia, inclusive, que este movimento é resultado de um  "ato de coragem e destemor" seu, e se diz feliz por ter como adversárias políticas "colegas advogadas e professoras da mais alta qualidade". 

"Ter chapas encabeçadas por mulheres para o próximo pleito eleitoral já é a minha 1ª vitória", opina.

Para a defensora, que foi eleita junto com Castro, como sua vice, se não houvesse desembarcado do atual comando da Ordem, as mulheres "continuariam figurando nas chapas na vice-presidência, sem o direito ao protagonismo que de fato devemos exercer". 

"Apesar do avanço quantitativo de mulheres na composição da OAB verificado nos últimos anos, as decisões políticas ainda são restritas aos homens, cenário que seguramente sofreu brusca transformação a partir da minha ruptura, porque as lideranças masculinas, a pretexto de maquiar o centralismo político, se viram obrigadas a ceder o espaço para as mulheres", acrescenta.

Ele promete participar da disputa com uma chapa "plural" e "inovadora", mas afirma que ainda não é o momento de  falar em "cargos e espaços", pois o novo projeto para a OAB-BA ainda está sendo construído de forma colaborativa. Os nomes que irão compor com Dantas serão anunciados no dia 7 de setembro, dia da Independência do Brasil.

"A advocacia baiana está sufocada e humilhada. Precisamos de uma gestão que seja menos nota de repúdio e mais coragem para os enfrentamentos indispensáveis a que o Poder Judiciário compreenda que Justiça é patrimônio do povo e que a advocacia não é visita, mas essencial à existência de um Poder Judiciário que, lamentavelmente, não enxerga vidas, mas números", opinou.

Durante a entrevista, Dantas citou algumas bandeiras que uma eventual gestão sua defenderia. Algumas destas propostas podem ser lidas a seguir:

  1. Recuperar "a força da OAB", com "atuações firmes e combativas em lugar da atuação morna  e pautada em notas de desagravos"
  2. Reestruturação do Judiciário através da priorização institucional do "Pacto pela Justiça": melhoria da estrutura do Judiciário, respeito às prerrogativas da advocacia,  diálogo constante com os três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), com o intuito de "otimizar orçamentos e pautas para a melhoria da prestação jurisdicional"
  3. Atuação institucional para que as receitas provenientes das custas processuais sejam revertidas para a reestruturação de pessoal do Poder Judiciário
  4. Gestão participativa na OAB com diálogo e inclusão de toda a advocacia;
  5. Lutar pela extinção das varas de substituição, descritas por ela como uma "anomalia criada pelo Poder Judiciário estadual para favorecimento de magistrados a despeito do esvaziamento da presente de juízes no interior"; 
  6. Defesa das liberdades e garantias constitucionais, além da defesa das instituições e valores democráticos

Classificação Indicativa: Livre

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