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Às vésperas de julgamento no STF, Lúcio Vieira Lima é visto em hotel de Brasília

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Nesta terça-feira o Supremo retoma o julgamento do caso dos R$ 51 milhões  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 07/10/2019, às 08h02   Yasmin Garrido


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O ex-deputado federal Lúcio Vieira Lima (MDB) foi visto, neste domingo (6), em um hotel cinco estrelas em Brasília. O emedebista, ao lado do irmão, ex-ministro Geddel Vieira Lima, que está preso na capital federal desde 2017, terão os destinos decididos nesta terça-feira (8) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), quando será votada a condenação no caso dos R$ 51 milhões encontrados em um apartamento de Salvador.

Flagrado por um leitor do BNews no lobby do Hotel Meliá Brasil 21, Lúcio não parecia estar preocupado com a sentença da Corte. O relator da ação penal, ministro Edson Fachin votou pela condenação dos irmãos, defendendo, porém, que não houve concurso de crimes. Neste caso, as penas podem chegar a 20 anos de prisão pelas acusações de lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O julgamento no STF já dura três semanas, sendo que na primeira foram ouvidos o Ministério Público Federal (MPF) e os advogados dos réus - os irmãos Vieira Lima, o ex-assessor parlamentar Job Ribeiro Brandão e o empresário Luiz Fernando Machado da Costa Filho. Já na semana passada, Fachin proferiu o voto, optando por inocentar Job e Luiz Fernando.

"Considero que o armazenamento de R$ 51 milhões num apartamento constitui, por si só, um crime de lavagem. Também considero os dois culpados em outros oito atos de lavagem, dentro de investimentos do mercado imobiliário e desvios da Caixa Econômica", disse Fachin.

A defesa de Geddel e Lúcio, feita pelo advogado Gamil Föppel, criticou o fato de a denúncia anônima sobre o dinheiro no apartamento ter sido recebida por policiais que não foram identificados na investigação.

Fortuna dos Vieira Lima
Dois anos após a Operação Tesouro Perdido, as posses da família Vieira Lima somam 12 fazendas, que juntas chegam a 9 mil hectares. As propriedades são avaliadas em cerca de R$ 67 milhões, além da plantação e de 12,7 mil cabeças de gado.

Mesmo com a prisão de Geddel e a não recondução de Lúcio ao cargo de deputado federal, o clã ainda tem influências sobre as decisões políticas do MDB. Lúcio Vieira Lima, que prometeu se afastar de Brasília para cuidar dos negócios da família, tem tido conversas com lideranças políticas e participado das reuniões das executivas estadual e nacional do MDB como suplente, com direito a voz, mas sem voto.

O ex-deputado também mudou o visual, com 25 quilos a menos, por causa de uma reeducação alimentar, além de caminhadas diárias na Avenida Centenário, em Salvador. Além disso, o emedebista é ativo nas redes sociais, onde posta quase todos os dias fotos com os cachorrinhos Carreirinha e Cotton, ambos da raça Spitz Alemão.

A prisão de Geddel na Papuda é vista pela defesa como “abuso” pela defesa. Com aparência abatida e um quadro depressivo, o ex-ministro fala pouco. As negativas de transferência para uma penitenciária em Salvador e a rejeição de um habeas corpus mexeram ainda mais com o psicológico do emedebista. Além do filho pequeno, Geddelzinho, o ex-ministro é muito próximo da mãe, Marluce Vieira Lima, que também responde a uma ação na Justiça Federal de Brasília no caso dos R$ 51 milhões.

Aos 83 anos e alegando problemas de saúde, Marluce é acompanhada por enfermeiros e, de acordo com pessoas ligadas à família, não se locomove sem ajuda de uma cadeira de rodas.

Mesmo diante de tantos problemas, a fortuna da família tem sido preservada. Os Vieira Lima possuem investimentos em postos de gasolina e em um renomado restaurante de frutos do mar, frequentado pela elite de Salvador. Em 2018, Lúcio declarou ao Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA) patrimônio de R$ 9,2 milhões em bens (terras, aplicações de renda, ações, depósitos bancários e automóveis, entre outros).

À venda
O apartamento 201 do edifício José Silva Azi, no bairro da Graça, em Salvador, o famoso “bunker”, está vazio e à venda. As unidades com a mesma planta no prédio são avaliadas em cerca de R$ 500 mil, o que representa a 0,98% do montante encontrado dentro de malas.

Moradores não falam com a imprensa e porteiros são orientados a não dar informação sobre o apartamento. “Não temos autorização para passar informações individuais” é a resposta padrão a quem pergunta pela unidade. O empresário Silvio Antônio Cabral da Silveira, dono do imóvel, afirmou em depoimento à Polícia Federal que o ex-ministro havia pedido o imóvel emprestado para guardar pertences do pai, que morreu em 2016.

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