Meio Ambiente

Em audiência, estados do Nordeste criticam governo federal por postura após derramamento de óleo

Luis Macedo/Câmara dos Deputados
João Carlos Oliveira da Silva, secretário do Meio Ambiente da Bahia, citou a sensação de “enxugar gelo”  |   Bnews - Divulgação Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Publicado em 19/02/2020, às 16h01   Redação BNews


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Em sua primeira audiência pública após o retorno do recesso parlamentar, nesta terça-feira (18), em Brasília, a Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga o derramamento de óleo no litoral brasileiro ouviu representantes de estados do Nordeste, que voltaram a criticar o governo federal por demora em agir e falta de transparência, entre outros problemas.

João Carlos Oliveira da Silva, secretário do Meio Ambiente da Bahia, citou a sensação de “enxugar gelo” ao narrar os esforços do estado para limpar as praias poluídas com o óleo. De acordo com ele, 32 municípios foram atingidos, e 496 toneladas de óleo foram coletadas nessas cidades. João Carlos afirmou ainda que o óleo prejudicou o turismo em cidades como Salvador, Ilhéus, Itacaré e Porto Seguro. 

Para o secretário, não saber a quantidade de óleo que ainda havia no mar foi uma das principais dificuldades. “E eu quero destacar aqui a boa vontade da Marinha. Mas o que nos deixava angustiados é que ninguém tinha uma notícia concreta para nos dizer a quantidade de óleo e, o que é pior, como conter esse óleo.”

Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Antônio Bertotti Júnior, o governo levou um tempo muito longo para tomar providências. “A primeira medida do governo federal foi um despacho do presidente, publicado no dia 5 de outubro, pedindo que em 48 horas se tomassem as providências para identificar o responsável pelo vazamento. Mas isso foi 37 dias depois do primeiro toque, provavelmente depois de muitas imagens fortes que chegaram de Sergipe, onde o óleo era espesso”, reclamou.

Transparência 

O diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte, Leonlene de Sousa Aguiar, reclamou de falta de transparência por parte do governo federal.

“Nos deixava surpresos como o governo federal não trazia informações, não publicizava, não dava respostas a tempo. Protocolávamos questões para o Ibama, o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), o Ministério do Meio Ambiente e as respostas não chegavam.”

O deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) defendeu as ações do governo federal. Segundo o parlamentar, a Marinha direcionou pessoal e equipamentos assim que acionada, mas não havia protocolo para esse tipo de ação.

“Plano de contingência, por exemplo,  não serve para esse tipo de acidente - inclusive porque foi único no planeta", afirmou. "Os investigadores ainda mantêm a tese de que o derramamento ocorreu a 700 quilômetros da costa brasileira e que o óleo viajou durante muito tempo e teve alteradas as suas propriedades físicas, afundou; por isso, as manchas eram indetectáveis e nenhum protocolo mundial foi criado, porque é um fato diferente.”

Resíduos

Segundo o portal da internet criado pelo governo federal para divulgar suas ações relativas ao derramamento de óleo, desde o dia 2 de setembro, cerca de 4.500 toneladas de resíduos foram coletadas das praias do litoral brasileiro.

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