Meio Ambiente

Saiba como o consumo consciente impacta no meio ambiente

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A partir do momento em que o consumo exacerbado afeta a coletividade, é hora de parar e rever nossas atitudes  |   Bnews - Divulgação Pixabay

Publicado em 05/07/2021, às 12h43   Samuel Barbosa


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Vivemos em uma sociedade cada vez mais consumista, seja com relação aos alimentos, roupas, aparelhos eletrônicos ou automóveis. E é do conhecimento de todos que em diversas situações as pessoas acabam comprando muito além daquilo que realmente é preciso. Mas a ânsia em adquirir mercadorias nem sempre está alinhada com o descarte consciente desses produtos, o que se torna um grande problema para o meio ambiente. A partir do momento em que o consumo exacerbado afeta a coletividade, é hora de parar e rever nossas atitudes.

Dentro do projeto Junho Verde, conversamos com Saville Alves, cofundadora da Solos, sobre de que forma o consumo do nosso dia a dia impacta no meio ambiente. 

Segundo Saville, o ponto de partida é pensar mais nos ciclos naturais e que respeitem mais a mão de obra e toda a cadeia que está envolvida.

“Geralmente produtos que vem em embalagem já são produtos feitos a partir de uma cadeia bastante perversa, bastante exploratória com o meio ambiente. Quando a gente pensa em produtos de limpeza, de higiene pessoal, produtos de beleza, cosméticos, as embalagens, elas retratam a química que está no produto. Não basta só a gente dar uma destinação correta pra essas embalagens, o produto que vem dentro ele já causa um desgaste, uma exploração. O ponto de partida mesmo é a gente repensar qual é o consumo que a gente consegue acessar e qual é o esforço que a gente está disposto a fazer para poder de fato conseguir aí ter no nosso dia a dia produtos que pensam mais nos ciclos naturais e que respeitem mais toda a mão de obra, toda cadeia que está envolvida”, disse.

Um passo muito importante é melhorar o nosso consumo, como explica  cofundadora da Solos. “Hoje as políticas públicas não facilitam para que haja uma desoneração dos produtos orgânicos, então eles realmente são um pouco mais caros de maneira geral, mas tem algumas feiras agroecológicas aqui em Salvador, existem espaços públicos que tinha feiras pré-pandemia e algumas organizações que conseguem fazer entrega de delivery, mas se ainda assim você ainda não conseguir comprar esses alimentos questão de valor ou porque está um pouco mais difícil de achar, ao invés de comprar um molho de tomate de caixinha é melhor compra esse tomate mesmo com agrotóxico, porque o de caixinha recebeu o agrotóxico e ainda vai receber outros químicos de conservantes, acidulantes, tem um monte de outras coisas para fazer o produto durar mais e ter outros sabores que vão viciando nosso paladar”. 

Sabemos que diversos objetos que vão para o lixo podem ser úteis para outras pessoas, desde que esteja em bom estado de conservação. No entendimento de Saville, jogar fora deveria ser a última opção. “Qualquer eletrodoméstico hoje é reciclável, os eletrônicos em geral também, embalagens, hoje tem tecnologia rodando no Brasil, a gente de fato precisa repensar esse fluxo do consumo, porque assim, se eu tenho condições de comprar coisas novas e vou sempre doando as minhas antigas pra aquelas pessoas que não tem condições, a gente vai criando esse sistema de desigualdade. A gente precisa repensar, principalmente as pessoas que conseguem comprar coisas que são mais duráveis, que a gente tenha isso um pouco mais enraizado na nossa cultura e exigir das marcas que disponibilize produtos que sejam mais duráveis”, ressaltou.

Sobre a redução de lixo, ela diz que no Brasil, um país de desigual, é muito difícil obrigar ou multar pessoas por conta do fato de não separarem os resíduos da forma correta.  

“Se você pegar países europeus, a Alemanha, por exemplo, que é referência em relação ao tratamento pós-consumo, lá 0,1% do que é retirado das casas e empresas vai para o aterro sanitário, todo o resto é compostado e transformado em energia ou reciclado e vira matéria-prima de novo para os ciclos produtivos. Lá tem política pública, existe um sistema de coleta pública, existe multa pra quem não fizer a adesão, desoneração de uma parte da cadeia para incentivar que elas comprem matéria prima reciclável, existe uma estrutura pra isso, mas pra isso precisa ter fiscalização, lei, e você precisa ter um ambiente favorável. Aqui no Brasil, num ambiente de muita desigualdade é muito difícil você obrigar ou multar quem ganha menos de um salário mínimo por não jogar o lixo separado, a gente vive uma realidade mais complexa, está começando um movimento de logística reversa puxado pelo setor privado muito forte para que ela tenha essas matérias primas adicionais a suas redes e isso vem de política interna e mecanismo do próprio sistema financeiro”. 

Classificação Indicativa: Livre

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