Considerado um grande consumidor de recursos naturais e gerador intensivo de resíduos, o setor dos hospitais, cada vez mais, vem adotando práticas cujo objetivo é reduzir os impactos causados pelas unidades de saúde ao meio ambiente. É certo que, sobretudo para o segmento, não é uma tarefa fácil utilizar como estratégia a chamada ESG (sigla em inglês que se refere às práticas ambientais, sociais e de governança corporativa), afinal, não é possível abdicar dos equipamentos que mantêm os pacientes vivos para reduzir energia, nem tampouco reutilizar seringas e agulhas como forma de diminuir a produção de lixo.
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JSL obtém lucro líquido recorde e dá largada em agenda ESGDe acordo com um levantamento feito pela de acordo com estudo da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), a produção do chamado lixo hospitalar, em sua maioria formado por resíduos infectantes e perfurocortantes, antes estimada em 480 mil toneladas por ano, aumentou até 20% durante a pandemia da Covid-19. As informações são do Valor Econômico. Outro estudo, este realizado pela
Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), aponta que o consumo médio diário de água por paciente internado subiu de 0,86 para 0,96 metros cúbicos entre 2019 e 2020.
Diante dos dados negativos registrados durante o cenário pandêmico, empresas que atuam no ramo hospitalar já trabalham em prol de uma receita sustentável. Um compilado elaborado pela Anahp, e que aponta uma centena de ações em prol da preservação do meio ambiente vem sendo divulgado em diversos hospitais espalhados pelo Brasil.
Segundo Antonio Britto, presidente da associação, a maior parte das estratégias está relacionada à saúde e ao bem-estar, e 22% destas são baseadas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela
Organização das Nações Unidas (ONU). “Até pela natureza do negócio, é natural que ações de saúde sejam maioria. Mas há muito trabalho de reciclagem, consumo e produção responsáveis”, aponta.
PráticasNo hospital HCor, localizado na capital paulista, uma das estratégias que têm gerado resultados positivos em prol da sustentabilidade é a
reciclagem de películas de raio-x. Através de campanhas de incentivo para funcionários e pacientes, e da disponibilização de coletores em pontos estratégicos da unidade de saúde, no local, já foram recolhidos 189 quilos de películas. Entre 2020 e 2021, o hospital também recolheu outras 5,1 toneladas de isopor. Todo o material acumulado foi enviado para a reciclagem.
Outra unidade de saúde que vem utilizando estratégias para manter uma receita sustentável é o
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, também em São Paulo, que ampliou o tratamento de resíduos infectantes e perfurocortantes. Em 2020 o hospital enviou 642 toneladas deste tipo de material para o aterro, quase o dobro do ano anterior. “As práticas ESG significam uma série de estudos e análises de como se está fazendo, onde é possível mudar e como se faz essa mudança”, aponta Ana Paula Pinho, diretora executiva de sustentabilidade e responsabilidade social da unidade.
Além disso, a executiva do Oswaldo Cruz ressalta que sem o comprometimento de todos os níveis hierárquicos da empresa o trabalho pode ficar comprometido. “ESG não é modismo, e os resultados não aparecem de um dia para o outro. É um trabalho minucioso de longo prazo”, ressaltou.
Já no
Hospital Sírio-Libanês, com sede na capital paulista, tem adotado práticas para reduzir suas emissões de carbono. Segundo Victor Kenzo, coordenador de sustentabilidade ambiental da unidade, que é também a primeira instituição de saúde no Brasil a receber o selo de carbono neutro, o objetivo da empresa é mensurar melhor as emissões que são geradas direta e indiretamente; reduzir as emissões próprias, e compensar o que não é possível reduzir do elemento químico.
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