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Publicado em 27/10/2017, às 11h28 Folhapress
O Parlamento regional catalão aprovou nesta sexta-feira (27) o início de uma constituinte para proclamar uma república independente, agravando a crise territorial espanhola.
O Senado espanhol, por sua vez, aprovou logo depois a destituição do governo catalão e a antecipação das eleições regionais.
A constituinte foi proposta pela aliança separatista Junts pel Sí, em acordo com a CUP (Candidatura de União Popular), cujos legisladores celebraram a vitória entoando o hino catalão Els Segador. Houve 70 votos a favor, 10 contra e dois em branco.
Foram essas duas forças que impulsionaram o plebiscito de 1º de outubro, com 43% de participação e 90% dos votos no "sim".
"Sim. Ganhamos a liberdade para construir um novo país", escreveu o vice-presidente catalão, Oriol Junqueras, em uma rede social.
Outras siglas, como o Partido Popular e o Cidadãos, deixaram a sala no momento em que a votação foi anunciada —entre os gritos rivais de "viva Catalunha!" e de "viva Espanha!".
O fato de que o voto foi secreto e em papel, apesar dos protestos da oposição, dificultará a punição por parte do Estado espanhol. Será impossível identificar a decisão de cada legislador.
O Ministério Público já sinalizou a sua intenção de acusar os líderes separatistas de rebelião, um crime que leva a até 30 anos de prisão na Espanha.
Isso provavelmente inclui não apenas o presidente catalão, Carles Puigdemont, do Junts pel Sí, mas também alguns de seus principais aliados, como o vice-presidente, Oriol Junqueras.
A Bolsa espanhola caía 1,7% após o anúncio do Parlamento catalão. O premiê espanhol, Mariano Rajoy, reagiu à votação pedindo "tranquilidade" aos cidadãos. "O Estado de direito irá restaurar a legalidade na Catalunha", disse.
ARTIGO 155
Em paralelo à plenária independentista, o Senado autorizou a aplicação do Artigo 155 da Constituição, que permite uma intervenção pontual na Catalunha, com a destituição do presidente Puigdemont e a convocação de eleições.
Após a aprovação do Senado, o texto ainda precisa ser publicado no diário oficial e ser aprovado uma última vez pelo conselho de ministros. A expectativa é de que todo esse procedimento seja cumprido ainda na sexta-feira.
A aplicação Artigo 155 tem o apoio das principais siglas espanholas, como o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) e o Cidadãos, de centro-direita. Mas esse texto nunca foi antes utilizado na Espanha, e as consequências são por ora imprevisíveis.
O que já está previsto é o repúdio do governo catalão e o incremento dos protestos em Barcelona, acusando Madri de um gesto autoritário.
Caso as eleições sejam de fato realizadas nos próximos seis meses, quando estavam previstas apenas para o fim de 2019, será também um momento recheado de expectativa —caso separatistas aumentem seu número de assentos no Parlamento regional, a crise pode ser retomada com ainda mais força.
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