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Militares da Guiné proíbem funcionários do governo de deixar o país após golpe de Estado

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A instabilidade política no país africano fez o preço da bauxita disparar no mercado internacional e atingir o maior preço em dez anos  |   Bnews - Divulgação Reprodução/YouTube

Publicado em 06/09/2021, às 12h32   Folhapress


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Os militares que tomaram o poder na Guiné e capturaram o presidente Alpha Condé proibiram nesta segunda-feira (6) autoridades do governo derrubado de deixar o país por tempo indeterminado, um dia depois darem golpe de Estado alvo de críticas da comunidade internacional.

Mamady Doumbouya, comandante de um grupo de elite do Exército responsável pelo golpe, ordenou que os funcionários públicos entregassem veículos oficiais às Forças Armadas.

"Não haverá nenhuma caça às bruxas", afirmou Doumbouya em uma reunião com ex-ministros e o primeiro-ministro do país na sede do Parlamento.

As fronteiras terrestres e aéreas, que haviam sido fechadas na véspera, foram reabertas nesta segunda-feira, de acordo com um porta-voz do Exército.

Doumbouya também suspendeu um toque de recolher nas minas de bauxita, mineral utilizado na produção de alumínio do qual a Guiné tem as maiores reservas do mundo.
A instabilidade política no país africano fez o preço da bauxita disparar no mercado internacional e atingir o maior preço em dez anos, embora não haja informações sobre a interrupção no fornecimento do minério.

Algumas lojas reabriram e o trânsito voltou às ruas da capital, Conacri, nesta segunda-feira. Foram montadas barricadas, e policiais impediam que pessoas se aproximassem do palácio presidencial. No domingo (5), foram registrados tiroteios na região da sede do Executivo durante a tomada de poder.

Leia também:Tentativa de golpe provoca tiroteios na Guiné, e paradeiro do presidente é desconhecido

Doumbouya disse na TV estatal no domingo que as instituições e a Constituição do país haviam sido dissolvidas, e que o presidente Condé havia sido capturado. Ele afirmou que a tomada de poder ocorreu por causa da "pobreza e corrupção endêmica".

Os golpistas afirmaram que o Condé está bem de saúde e é tratado adequadamente. O presidente apareceu cercado por militares em um vídeo divulgado nas redes sociais no domingo.

Também no domingo, o grupo liderado por Doumbouya informou que governantes regionais haviam sido substituídos por militares.

O golpe de Estado na Guiné foi alvo de críticas da comunidade internacional.
No domingo, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, condenou "qualquer tomada do poder pela força do fuzil" e pediu a "libertação imediata do presidente Alpha Condé".

O Departamento de Estado dos EUA também condenou os eventos na Guiné, dizendo que eles podem minar a ajuda americana e de outros parceiros internacionais.

O movimento também foi condenado por atores regionais. O presidente de Gana, Nana Akuffo-Addo, que também é líder da Ecowas (Comunidade Econômica de Estados do Oeste Africano), ameaçou impor sanções à Guiné.

A União Africana também pediu a liberação de Condé e informou que deve convocar uma reunião sobre o assunto para discutir "medidas apropriadas".

Nesta segunda-feira, a Rússia fez coro às críticas e pediu "a libertação de Condé e a garantia de que ele terá imunidade". "Consideramos necessário que a situação na Guiné retorne às normas constitucionais assim que possível", diz comunicado da chancelaria de Moscou.

A Guiné tem enfrentado uma grave crise política e econômica nos últimos meses, agravada pela pandemia de Covid-19 -de acordo com dados oficiais enviados à OMS (Organização Mundial da Saúde), o país registrou quase 30 mil casos e 341 mortes pela doença.

Recentemente, Condé elevou impostos e o preço dos combustíveis, buscando aumentar a arrecadação federal, o que desencadeou uma nova onda de protestos. Manifestações violentas já haviam atingido o país em outubro do ano passado, quando o presidente garantiu seu terceiro mandato após uma manobra para poder concorrer.

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