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Bin Laden não estava armado quando foi morto, revela livro

Publicado em 29/08/2012, às 22h17   Redação Bocão News



O relato de um fuzileiro naval do Seal, que integrava a equipe que matou Osama Bin Laden em 1º de maio de 2011, contradiz a versão oficial do governo americano sobre o episódio.

O livro "No Easy Day" (que no Brasil será publicado pela Editora Paralela como "Não há dia fácil"), escrito pelo ex-fuzileiro naval Matt Bissonnette, 36, sob o pseudônimo de Mark Owen, será publicado na próxima semana. Segundo a editora Penguin, Bissonnette foi o primeiro homem da operação que entrou no recinto onde estava Bin Laden e presenciou sua morte.

A Associated Press e o Huffington Post tiveram acesso antecipado a cópias do livro e informam nesta quarta-feira que a obra levanta dúvidas se Bin Laden representava, de fato, uma ameaça quando a equipe de Seals atirou nele, durante operação em Abbottabad no Paquistão.

Segundo Bissonnette, Bin Laden levou um tiro na cabeça quando saiu de seu quarto, no segundo andar do compound onde estava escondido. A equipe de Seals tinha invadido o recinto e rapidamente subido uma escada estreita, que levava ao quarto de Bin Laden.

Bissonnette diz que estava imediatamente atrás de um atirador de elite que subia as escadas. "Menos de cinco passos" do topo da escada, ele ouviu o som de disparo com silenciador: "Bop. Bop." O atirador havia visto "um homem espreitando pela porta" do lado direito do corredor.

"Eu não podia dizer da minha posição, se o alvo tinha sido atingido ou não. O homem desapareceu dentro do quarto escuro", acrescentou Bissonnette.

Segundo o autor, Bin Laden teria recuado para dentro de seu quarto e os Seals entraram, mas o encontraram caído no chão em meio a uma poça de sangue. Um buraco de bala podia ser visto do lado direito de sua cabeça e duas mulheres se inclinavam sob seu corpo.

Bissonnette afirma que o atirador dos Seals afastou as duas mulheres de Bin Laden e, com outros Seals, eles atiraram várias vezes no corpo ainda vivo de Bin Laden até ele parar de se mexer. Mais tarde, os Seals encontraram duas armas guardadas perto da porta, mas elas não tinham sido tocadas, diz o autor.

Na versão do governo, após a invasão do compound, os Seals atiraram em Bin Laden só depois dele voltar pro quarto, porque eles teriam presumido que ele estaria armado.

Em outra revelação do livro, Bissonnette afirma que um dos Seals teria sentado no corpo de Bin Laden, que foi carregado de helicóptero para fora do compound. Segundo a versão oficial do governo, o corpo de Bin Laden teria sido tratado com dignidade antes de ter recebido um enterro muçulmano no mar.

O porta-voz da Casa Branca Tommy Vietor não comentou sobre a contradição na terça-feira de noite. No entanto, afirmou em um email à Associated Press: "como o presidente Obama disse na noite em que a Justiça foi feita com Osama Bin Laden, 'nós agradecemos os homens que realizaram esta operação, porque eles exemplificam o profissionalismo, patriotismo e coragem sem paralelos dos que servem nosso país'".

SEM REVISÃO

O coronel Tim Nye, porta-voz do Comando de Operações Especiais dos EUA (Socom), disse que, assim como Seal, o Socom não autorizou a publicação, nem revisou o livro.

Por conta disso, segundo Nye, Bissonnette poderá ser investigado pelas autoridades americanas pelo vazamento de informações, o que provavelmente só acontecerá após a publicação do texto.

Não se sabe se "No Easy Day" contém detalhes considerados secretos pelo governo americano da operação que matou Bin Laden. No entanto, o autor afirma não ter revelado informações sensíveis ou que colocassem em risco à segurança nacional. Bissonnette também usou pseudônimos para todos os Seals retratados no livro.

Porta-vozes da Casa Branca, do Departamento de Defesa e da CIA disseram antes que não foram consultados sobre a publicação do livro.

As normas internas da CIA e dos militares obrigam que qualquer material que possa conter informações secretas seja avaliado por superiores.

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