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Macron diz que é contra acordo entre União Europeia e Mercosul

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Macron incorporou em seu discurso os argumentos dos produtores agrícolas franceses  |   Bnews - Divulgação Reprodução Vídeo

Publicado em 02/12/2023, às 14h37   Folhapress - ANA CAROLINA AMARAL E IVAN FINOTTI


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O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou ser contrário ao acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que qualificou como antiquado.
"Se não posso explicá-lo a nenhum europeu, não vou defendê-lo internacionalmente", afirmou em entrevista coletiva na COP28 do Clima da ONU, que acontece em Dubai até o dia 12.

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Macron incorporou em seu discurso os argumentos dos produtores agrícolas franceses, com forte representação de congressistas de oposição no país.


"Não posso pedir aos nossos agricultores, aos nossos industriais na França, e em toda a Europa, que façam esforços para descarbonizar, para sair de certos produtos, e depois dizer que estou removendo todas as tarifas para trazer produtos que não aplicam essas regras", disse o presidente francês, em referência à disparidade de normas de proteção ambiental, mais rígidas na França e na União Europeia do que no Brasil.


A fala à imprensa aconteceu logo após uma reunião bilateral com Lula, que foi elogiado por Macron. "Ele é visionário, corajoso e há muita sinergia entre as nossas estratégias", disse o presidente francês.


Em entrevista a jornalistas nos corredores da COP28, Lula reagiu à fala de Macron dizendo achar normal a posição da França, pelo fato de ela ter um histórico mais protecionista, mas que a União Europeia não pensa o mesmo.


Membros do alto escalão do governo Lula já dão como certo que a negociação com a União Europeia terminará sem acordo, já que o Brasil não cederá às novas condicionantes ambientais e é improvável que os europeus consigam articular posições de todos os países do bloco em uma semana.


Lula se recusou a renegociar as condicionantes ambientais da Europa. A reportagem apurou que, a caminho de Dubai, o presidente brasileiro afirmou a Celso Amorim, principal conselheiro do presidente para assuntos internacionais, que não faria concessões. O presidente ainda teria dito que, se os europeus não aceitassem o acordo até o próximo dia 7 [data da cúpula do Mercosul, no Rio], teriam que esperar a eleição de outro governo no Brasil.


Na quinta-feira (30), o Ministério das Relações Exteriores informara que houve avanço significativo no processo de negociação para o acordo entre a UE e o Mercosul, embora não fosse possível afirmar se esse processo seria concluído até a cúpula do bloco sul-americano.


Neste domingo (3), Lula deixa Dubai com destino a Berlim, onde será recebido pelo primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, e voltará a discutir o acordo comercial, em sua última semana na presidência do Mercosul.


O presidente tinha marcado uma entrevista na COP28 no horário seguinte à de Macron, mas cancelou a agenda. Segundo a assessoria de imprensa do presidente, o cancelamento se deveu ao atraso da agenda da sala de imprensa principal da conferência.


Ainda na coletiva, Macron defendeu o apoio financeiro à conservação das florestas no Brasil através do mercado de carbono. Também defendeu a elaboração de um acordo mais geoestratégico, em vez de trabalhar em cima de um acordo antigo.


O francês também comentou a eleição de Javier Milei na Argentina, dizendo que já lidou com presidentes que têm propostas ousadas e que a cooperação com o país deve se manter. Disse ainda esperar que Milei adira aos compromissos climáticos do Acordo de Paris, recentemente criticado pelo argentino. "Verá que isso também é bom para o seu país", afirmou Macron.


A repórter Ana Carolina Amaral viajou a convite de Avaaz, Instituto Arapyaú e Internews.

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