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Policiais prendem ex-vice-presidente do Equador durante invasão a Embaixada do México em Quito

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Governo mexicano estava fornecendo asilo político a Jorge Glas, condenado à prisão por corrupção  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 06/04/2024, às 09h03   Melissa Lima


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A Polícia do Equador invadiu a Embaixada do México na cidade de Quito e prendeu o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, nesta sexta-feira (5). Ele foi condenado a seis anos de prisão por corrupção e estava sob asilo político do governo mexicano.

Equador e México estão no meio de uma crise diplomática, que ganhou força nos últimos dias. Na quinta-feira (4), a embaixadora do México no país foi considerada "persona non grata" depois do governo afirmar que o presidente mexicano fez comentários "infelizes" acerca das eleições equatorianas de 2023.

Já nesta sexta, o governo do México anunciou a concessão do asilo político a Glas. O ex-vice-presidente estava na embaixada desde dezembro do ano anterior e alega ser vítima de perseguições da Procuradoria-Geral do Equador.

Depois do anúncio, o Ministério das Relações Exteriores do Equador acusou o México de violar acordos de asilo político. Em seguida, autoridades equatorianas pediram permissão para entrar na embaixada e prender Jorge Glas.

Mesmo sem uma resposta favorável, um grupo de policiais equatorianos invadiu a Embaixada do México em Quito durante a noite. Os agentes arrombaram as portas externas, além de fechar a principal via de acesso ao local.

O encarregado da Embaixada do México no Equador, Roberto Canseco, se manifestou dizendo que houve um "atropelo ao direito internacional" e chamando o episódio de "inaceitável" e "barbárie".

“Como criminosos, invadiram a Embaixada do México no Equador. Isso não é possível. Não pode ser. É uma loucura”, disse Canesco.

O ato teria ido na contramão da Convenção de Viena sobre as Relações Diplomáticas, de 1961. O documento diz que os locais de missões de um país dentro de um outro (como embaixadas e consulados) são considerados invioláveis. Ambos os países  aderiram à regra na década de 1960.

Ainda segundo o tratado, a entrada de agentes de estado nesses locais precisa da autorização do chefe da missão estrangeira. No caso do Equador, a polícia deveria solicitar permissão ao embaixador mexicano para acessar o local.

Em comunicado oficial, o governo equatoriano afirmou que "não vai permitir que nenhum criminoso fique impune", referindo-se a Jorge Glas. A nota acrescenta que o Equador respeita o povo mexicano e que embaixadas servem para estreitar relações entre os dois países.

Suspensão das relações diplomáticas

Depois da invasão da Embaixada, o governo mexicano decidiu suspender as relações diplomáticas com Equador. A medida foi anunciada pelo presidente López Obrador na madrugada deste sábado (6).

Em uma rede social, Obrador disse que foi informado da invasão pela Secretária de Relações Exteriores. Ele ainda classificou o episódio como uma violação do direito internacional e da soberania do México.

"Instruí o nosso chanceler a emitir uma declaração sobre este ato autoritário, proceder legalmente e declarar imediatamente a suspensão das relações diplomáticas com o governo do Equador", escreveu o presidente.

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