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Mãe que teve foto do filho veiculada nas redes do prefeito de Aracaju ainda está sem teto

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A desocupação do local pelas equipes da prefeitura começou no dia 20 de julho  |   Bnews - Divulgação Reprodução / Instagram

Publicado em 29/07/2020, às 20h03   Roberta Cesar/AjuNews



A desempregada Natasha Ribeiro, 20 anos, que viu uma foto do seu filho repercutir nas redes sociais da prefeitura de Aracaju e do prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) após a retirada das famílias da ocupação das Mangabeiras, no bairro 17 de Março, disse em entrevista ao AjuNews que ainda está sem casa, sem assistência do Município e morando na casa da irmã. Emocionada, ela reafirmou para reportagem que ficou muito triste ao ver a imagem do filho nas redes sociais, sendo que não recebeu nenhuma moradia e nenhum benefício por parte da gestão.

Segundo Natasha, antes de iniciar a desocupação, agentes da prefeitura enviaram uma “notificação” para os moradores, mas como ela não aceitou, ficou sem acesso a qualquer benefício.“Eles tinham ido entregar uma notificação, muita gente não pegou porque pensou que era ordem de despejo. Se a gente tivesse pegado o papel tinha ganhado a moradia, só que muita gente não pegou. Quem era que iria pegar tendo só aquele teto para você poder botar a cabeça para o seu filho?”.

Natasha ainda recordou o dia em que a equipe da prefeitura chegou ao local para iniciar a operação de desocupação. “Quando chegaram lá, eles falaram que era melhor eu sair, porque de todo jeito ia ter que sair, por bem ou por mal. Começaram a falar e eu comecei a chorar falando a eles para onde iria com meu filho se eu não tinha para onde ir”, lembrou.

A desocupação do local pelas equipes da prefeitura começou no dia 20 de julho. Segundo apurado pela reportagem, na quarta-feira (22), moradores da ocupação entraram em conflito com guardas municipais.

Na quinta-feira (23), o defensor público e diretor do Núcleo de Bairros da Defensoria Pública do Estado de Sergipe, Alfredo Carlos Nikolaus, afirmou ao AjuNews que a Defensoria Pública não foi chamada para mediar a ação. “A operação foi inadequada, tendo em vista que estamos em plena pandemia por conta da covid-19”, disse.

No mesmo dia a Defensoria Pública do Estado de Sergipe, através do Núcleo de Bairros, ajuizou uma Ação Civil Pública (ACP) contra a prefeitura de Aracaju para que realoque ou conceda auxílio moradia às famílias da ocupação Mangabeiras.

A moradora ainda fez um apelo ao contar que não tem um emprego e agora está sem casa. “Eu estou na casa da minha irmã só que ela tem quatro filhos, ela não trabalha, depende do Bolsa Família. Quando ela quiser estar só em casa, como eu vou ficar? Para onde é que eu vou se eu não tenho para onde ir?”, lamentou Natasha.

Outro lado

Procurada, a prefeitura de Aracaju, por meio da assessoria de comunicação da Assistência Social, informou que as famílias não cadastradas que residiam na Ocupação das Mangabeiras também foram contempladas com o aluguel social.

“Das 214 famílias que se apresentaram às equipes da Assistência Social da Prefeitura de Aracaju, 171 tiveram direito ao benefício. As demais famílias não se enquadraram nos critérios estabelecidos pela lei nº 3873, de 07 de maio de 2010. Ao longo desta semana, todas essas famílias estão regularizando o auxílio moradia junto à Diretoria da Habitação”, ressaltou.

Ainda de acordo com a pasta, “em relação às famílias que estiveram na antiga ocupação alegando residirem no local, os técnicos da prefeitura identificaram que as mesmas não possuem perfil para concessão do benefício e que, inclusive, muitas são proprietários de imóveis em Aracaju ou no interior do estado”, frisou.

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