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Falas machistas de juiz levam mulheres a desistir de depor em caso de violência sexual

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Juiz afirmou que foi assediado por mulheres quando era professor  |   Bnews - Divulgação Reprodução
Marcelo Ramos

por Marcelo Ramos

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Publicado em 08/08/2023, às 08h28


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Ao menos duas mulheres desistiram de testemunhar em um processo por violência sexual movido contra um médico de Juazeiro do Norte, no Ceará, após falas machistas do juiz que conduzia audiência no último dia 26 de julho. O magistrado afirmou que mulheres são "bicho da língua grande" e que "chutam as partes baixas" dos homens. A Corregedoria-Geral da Justiça do Ceará abriu sindicância para apurar o caso.

Se o juiz Francisco José Mazza Siqueira continuar na condução do caso, as pessoas envolvidas na ação terão uma próxima audiência com ele em fevereiro de 2024. As informações são do G1.

"Quem acha que mulher é boazinha, estão tudo enganado, viu. Eita bicho... bicho de mão pesada, bicho da língua grande e que chuta as partes baixas é mulher", disse o juiz durante audiência.

O processo pede indenização pelo trauma sofrido após uma mulher ter sido abusada durante atendimento do médico e acupunturista Cícero Valdizébio Pereira Agra. As primeiras denúncias contra ele vieram à tona em 2021.

Na audiência realizada no Fórum de Juazeiro do Norte, havia pelo menos dez mulheres: eram testemunhas em favor da vítima, uma das advogadas da vítima e testemunhas em favor do médico.

Ainda durante a audiência, o juiz Francisco José Mazza afirmou que era assediado por mulheres quando era professor.

"Tinha aluna que chegava se esfregando em mim – aqui não tem nenhuma criança, todo mundo é adulto –, e dizia: 'professor, não sei o quê, não sei o quê...' Eu dizia: 'minha filha, é o seguinte, quando eu deixar de ser seu professor, você faça isso comigo'."

Testemunhas que trariam depoimentos contra o médico afirmaram ao advogado que não têm condições psicológicas de sentar mais uma vez de frente com o juiz após as falas.

“A gente está trabalhando para que isso não aconteça, para que o processo seja julgado por outro juiz”, explicou o advogado ao g1.

 Até o fim desta semana, a defesa deve protocolar medidas junto aos órgãos competentes, como o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE).

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