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Mistério de túmulo construído fora de cemitério vira lenda e assusta moradores há cerca de 100 anos; entenda

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O mistério em torno dessa sepultura perdurou por quase um século e só foi desvendado há três anos  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Instagram

Publicado em 24/02/2024, às 11h13   Cadastrado por Mariana De Siervi


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Por gerações, os habitantes da cidade de Picos, localizada a pouco mais de 300 km ao Sul de Teresina, no Piauí, compartilharam com as crianças lendas sobre um túmulo situado ao lado de fora do Cemitério São Pedro de Alcântara. As informações são do G1. 

O mistério em torno dessa sepultura perdurou por quase um século e só foi desvendado há três anos. No entanto, ainda persiste no imaginário dos moradores. O mecânico Josevaldo Rodrigues, por exemplo, lembra da história da "menina serpente" que ouvia na infância. 

“Meus avós contavam quando a gente era desobediente. E eles diziam ‘vocês lembram da história da menina serpente, que foi enterrada naquela catacumba? Ela era desobediente, dava língua à mãe e virou uma serpente'", lembrou. Quando a "menina serpente" faleceu, não poderia ser enterrada dentro do cemitério, junto aos demais humanos, e seu túmulo teria sido construído do lado de fora, na calçada.

Uma versão da história sugere que uma sepultura já estava lá antes da construção do muro, o que teria sido erguido de forma a deixar o túmulo da menina do lado de fora.

Para aumentar o mistério, segundo o mecânico, rachaduras eram cirúrgicas regularmente na sepultura. Há três anos, o túmulo foi removido da calçada e uma nova sepultura foi construída dentro do cemitério. "A gente ficava com mais medo ainda, e acreditava que realmente tinha alguma coisa ali dentro mesmo”, disse. 

Ainda assim, a lenda da “menina serpente” continua a assombrar as crianças, como os filhos da dona de casa Cristina Maria. "Eu tinha medo quando adolescente. Era uma história que meu pai contava e até hoje eu uso ela com meus filhos, falo 'olha tem que se comportar, se não vai virar serpente", brincou.

MISTÉRIO RESOLVIDO

Em 2021, a Prefeitura de Picos localizou a família das pessoas sepultadas no famoso túmulo. Descobriram que o  motorista de aplicativo, Manoel Fontes era descendente direto deles.. Seus bisavós maternos faleceram de varíola, durante uma epidemia que assolou o país no final do século 19 e início do século 20.

“Naquela época, não era permitido sepultar dentro do cemitério os mortos por varíola. O túmulo foi construído assim porque eles eram pessoas de posses, e decidiram que tinha que ser feito um monumento, mesmo que fora, para eles. E aí ficou”, contou o motorista. 

A varíola foi uma das doenças mais letais da história, ceifando a vida de aproximadamente 300 milhões de pessoas em todo o mundo apenas no século 20, o que equivale a cerca de 4 milhões de mortes por ano. Cerca de um terço das pessoas infectadas com varíola não sobreviveram. Os últimos casos de varíola em humanos foram registrados em 1971, na região norte da cidade do Rio de Janeiro.

Assim, o túmulo foi removido da calçada e uma nova sepultura foi erguida dentro do cemitério. A lenda apareceu apenas para as crianças, e como fonte de entretenimento para Emanoel.

"Eu fazia era sorrir, de tanta história que vinham me contar, e dizia: 'são familiares meus que estão sepultados ali'. Mas deixava o pessoal continuar com essas histórias, com as lendas", brincou Emanoel

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