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Secretário denuncia racismo em evento ao ser questionado se era segurança; entenda

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Segundo o gestor, uma das recepcionistas do evento não teria acreditado que ele possuia de fato o cargo de secretário e perguntou se ele era segurança  |   Bnews - Divulgação Reprodução// Instagram @aldemarsantos_dema

Publicado em 05/06/2023, às 18h18   Cadastrado por Mariana De Siervi


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Aldemar Santos, o secretário de Governo e Participação Social de Recife, Pernambuco, denunciou ter sido vítima de racismo ao ser questionado se era segurança em um evento da  Frente Nacional de Prefeitos (FNP) que aconteceu na última sexta-feira (02) em João Pessoa, na Paraíba. As informações são do G1

Segundo o gestor público, uma das recepcionistas do evento não teria acreditado que ele possuia de fato o cargo de secretário e perguntou se ele era segurança. Aldemar usou suas redes para fazer a denúncia de que antes de ser admitido na recepção, recebeu dois crachás errados. "A recepcionista questionou-me se eu era segurança. Já com bastante indignação, perguntei a ela o que a faria crer que eu seria segurança", relatou. 

O primeiro crachá errado foi em nome de um empresário de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. Quando o secretário foi reclamar, recebeu um outro crachá errado, dessa vez de um subsecretário de Jaboatão e de novo, reclamou e esperou mais de trinta minutos, sendo que outras pessoas já haviam recebido suas identificações corretas. "Por mais uma vez, expliquei que estava havendo um engano e que eu era e sou secretário de Recife, desta vez com mais ênfase e já com algum aborrecimento", disse e logo em seguida foi perguntado se ele era segurança do local. 

"Perguntei qual o motivo que a faria acreditar que, após mais de meia-hora eu me apresentando como secretário do Recife, eu estaria mentindo e me 'passando por secretário' sem ser. Foi quando eu falei, usando um português claro, em alto e bom som, que o fato que a autorizava a achar que eu era segurança me fazendo passar por secretário era a minha cor negra, que eu estava sendo vítima de racismo", afirmou o secretário. 

Após toda a situação, a chefe da recepcionista tentou controlar a situação, dizendo que as duas últimas pessoas que entraram antes de Aldemar eram seguranças, por isso foi feito o questionamento. "Depois me disseram que a prefeitura do Recife teria enviado meus dados como sendo segurança de Jaboatão, fato que não é nada crível e beira o impossível", declarou o gestor público, que também irá prestar um boletim de ocorrência na Polícia Civil.

"Isso acontece quase todos os dias. Comigo, com meus irmãos e irmãs de cor, e eu não posso me calar. Hoje ocupo um cargo com relativa visibilidade e que me dá um local de fala que não me permite silenciar. Não me insurjo aqui contra o fato de ser confundido com um segurança, que em nada me desabona, mas sim contra o fato das pessoas não acreditarem na possibilidade de um negro estar em algum lugar ou condição que elas acham que é possível."

Depois de toda repercussão, o evento lamentou o ocorrido e pediu desculpas a Aldemar Santos, afirmando que não compactuam  com nenhum tipo de discriminação e ainda disseram que os prestadores de serviços foram dispensados, antes do fim das atividades.

Quem se manifestou também foi o prefeito de Recife, João Campos (PSB), que prestou solidariedade ao secretário e afirmou que conversou com o presidente da frente, Edvaldo Nogueira (PDT), que é prefeito de Aracaju .  

“Conversei com o presidente da Frente, Edvaldo Nogueira, que também se solidarizou, repudiou a atitude e afirmou que as devidas responsabilidades serão cobradas. Gestos assim são inaceitáveis e não representam a trajetória da instituição. Qualquer reflexão sobre o futuro das cidades passa pelo enfrentamento a todas as formas de preconceito. Racismo é crime", disse.

Classificação Indicativa: Livre

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