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Todos os mortos pela polícia no Recife, em 2021, eram negros, afirma pesquisa

Polícia Civil/Divulgação
Já no estado de Pernambuco, a porcentagem foi de 96,2% de vítimas negras  |   Bnews - Divulgação Polícia Civil/Divulgação

Publicado em 19/11/2022, às 16h20 - Atualizado às 16h20   José Ivan Neto


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Todas as pessoas mortas pela polícia no ano de 2021, no Recife (PE), eram negras. É o que informa um relatório elaborado pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) e pela Rede de Observatórios de Segurança. 

A cidade foi a que mais sofreu com as intervenções policias no estado de Pernambuco, contabilizando 14 mortes, todas de pessoas pardas, em 2021. Já no estado, 105 mortes decorrentes de intervenções foram registradas no mesmo período. Do total de casos, a vítima era negra em 101, sendo 95 pardos e seis pretos. Sendo assim, o percentual de negros entre os mortos é de 96,2%.  Os dados, de acordo com o portal g1, foram coletados através da lei de acesso à informação.

A população negra do estado é de 61,9%, percentual extremamente inferior quando comparado ao da estatística de morte. O dado é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que considera negros a soma de pretos e pardos.

De acordo com Edna Jatobá, coordenadora executiva do Gabinete Assessoria Jurídica Organizações Populares (Gajop), os números apontam que a polícia pernambucana é contaminada pelo racismo estrutural.

"Existe uma cor de pele que é alvo do encarceramento e das abordagem arbitrárias. A polícia é parte dessa história. Mas o racismo vai empurrando a população negra para essa situação, pela falta de oportunidades e pela dificuldade de mobilidade social", explica. 

De acordo com o relatório, a maioria das mortes ocorreu nas periferias da Região Metropolitana do Recife. Além disso, a maior parte das vítimas são jovens.

"A gente está dizendo que quer que a polícia mate mais pessoas brancas? Não. A gente quer que a polícia pare de matar as pessoas. A gente sabe que a polícia tem o desejo e o objetivo de defender a população. Mas ela precisa usar a força de forma proporcional. Nós não temos pena de morte no Brasil, nem em Pernambuco", reforça Jatobá.

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