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Vídeo: Comerciante questiona abordagem policial e acaba imobilizado por PMs

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Segundo a Polícia Civil, houve "resistência" por parte do comerciante  |   Bnews - Divulgação Reprodução / WhatsApp

Publicado em 31/01/2023, às 09h50   Cadastrado por Bruno Guena


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Um comerciante foi alvo de uma abordagem violenta de três policiais militares na comunidade do Pilar, em Recife (PE). Nas imagens fortes, é possível ver os agentes imobilizando e algemando o rapaz à força.

Segundo a Polícia Civil, houve "resistência" por parte do comerciante e uma ocorrência foi registrada por "desobediência e direção de veículos sem habilitação".

O comerciante imobilizado, que pediu para ser identificado com as iniciais R.K. disse ao g1 que havia levado a esposa de moto ao Shopping Boa Vista, na área central da capital pernambucana.

Em seguida, retornou a comunidade do Pilar para buscar a filha. No local, ele encontrou os três agentes das Rondas Ostensivas Com Apoio de Motocicletas (Rocam) na rua da casa onde mora.

De acordo com os relatos da vítima, que tem uma loja de roupas para praia, os PM's fizeram uma revista, pediram documentos e informações sobre o veículo.

Ao ser interrogado pelos policiais, o motociclista contou que não possuía passagem pela polícia e que a moto estava quitada.

"Quando terminou, perguntei se podia pegar o meu celular e o meu documento. Minha menina viu de longe que a abordagem estava demorando muito e questionou os policiais. Nesse momento, um deles empurrou ela. Coloquei a mão nele, pedi para não empurrar, e ele disse: 'você agora está sob a tutela do estado'", contou o comerciante.

A vítima disse que, naquele instante, perguntou para os agentes se ele estava respondendo a alguma acusação. De acordo com ele, os policiais não gostaram de ser questionados.

"Outro policial perguntou: 'você não gosta de polícia, não, é?'. Eu disse que, por mim, eles podiam fazer o trabalho deles, mas com educação. Não podia chegar com truculência numa comunidade carente. Eles disseram: 'quer me ensinar a ser polícia agora?'", relatou o condutor da moto.

De acordo com o homem imobilizado, os policiais informaram que iam algemá-lo. Logo após, ele se recusou a ser algemado sem saber que estava sendo acusado.

"Foi quando ele deu a rasteira em mim. Eu caí com a cara no chão, levando chutes. Ele colocou o joelho nas minhas costas e eu não estava conseguindo respirar. Eu disse a ele: 'bicho, eu não consigo respirar'. E ele não estava nem ligando", disse o comerciante.

Logo depois, vários moradores da comunidade cercaram os PM's e começaram a filmar a operação. De acordo com o motociclista, foi só agora que dois dos agentes saíram de cima dele.

Outros policiais foram acionados pelo rádio e usaram spray de pimenta para dispersas as pessoas, segundo o comerciante.

Após a abordagem, o homem foi levado para a Central de Plantões da Capital, em Campo Grande, na Zona Norte, e, em seguida, foi levado para a UPA de Olinda, em Cidade Tabajara, na Região Metropolitana. Lá, ele passou por procedimentos para tratar os ferimentos.

Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), o comerciante disse que os agentes afirmaram ao médico que ele ficou ferido com o movimento da viatura.

"Eles alegaram desacato e resistência à prisão. Em nenhum momento, desacatei eles. Só questionei o tipo de abordagem, de conduta, e o fato de eles estarem me segurando. E ainda disseram que tentei difamar eles", declarou o comerciante.

O que diz a defesa do comerciante

Segundo a advogada Camila Pamela, contratada pela família do homem imobilizado, os policiais deixaram a delegacia sem devolver a identidade do motociclista. Isso deixou a família dele tensa, com medo de alguma retaliação. Além disso, um boletim de ocorrência foi registrado informando a causa da perda do documento e passou por um exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML), em Santo Amaro, na área central de Recife.

A família da vítima, disse a advogada, ainda está analisando se via prestar queixa na "Eles alegaram desacato e resistência à prisão. Em nenhum momento, desacatei eles. Só questionei o tipo de abordagem, de conduta, e o fato de eles estarem me segurando. E ainda disseram que tentei difamar eles", declarou o comerciante.

"O que posso afirmar, com certeza, é que o tratamento não é o mesmo dado em um bairro de pessoas ricas. Na cabeça de alguns policiais, o fato de as pessoas morarem em comunidade, é como se indicasse que a pessoa é um marginal ou está envolvida com o crime", afirmou a defensora.

Através de nota, a Polícia Civil disse que registrou ocorrência por "desobediência e direção de veículos sem habilitação". Além disso, contou que o homem estaria conduzindo uma motocicleta em alta velocidade, sem a documentação necessária. Em conclusão, a Polícia Civil afirmou que, ao ser abordado, o comerciante apresentou resistência.

Classificação Indicativa: Livre

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