Personalidade

Ivete Sangalo: "O mundo é preconceituoso ainda de várias maneiras”

Imagem Ivete Sangalo: "O mundo é preconceituoso ainda de várias maneiras”
Cantora falou sobre o preconceito sofrido pelo jogador Daniel Alves  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 05/05/2014, às 06h32   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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A cantora baiana Ivete Sangalo falou a ÉPOCA em um hotel em São Paulo, onde fez o trabalho de divulgação de seu novo DVD e da próxima turnê nacional, a ocorrer a partir de agosto em dez capitais brasileiras. Ivete já vendeu 6,5 milhões de discos. Seu CD  Ao vivo, de 1997, vendeu 2 milhões de exemplares. Ela tem sete álbuns de estúdio, quatro ao vivo e um finfantil. Lançou sete DVDs e viajou pelo Brasil e o mundo em 11 turnês. Nesta entrevista, ela comenta atualidades, confessa que não sabia o que era música indie e analisa a situação da música popular brasileira. Ivete também se diz a favor das biografias não autorizadas, desde que biógrafo e biografado tenham garantias legais para se defender.
Entre os quesitonamentos feitos pela Época estão biografias não autorizadas, o caso do preconceito sofrido pelo jogador Daniel Alves e seu novo trabalho - DVD, shows e turnê.
Biografias
"Quando alguém escreve alguma opinião sobre mim, está tudo certo. Não pode xingar que é falta de respeito. Mas quando alguém publicar alguma mentira, você não vai ficar quieto, vai? Não há propriedade sobre uma história contada sobre alguém. A propriedade já foi para o espaço. É preciso observar princípios jurídicos e a verdade. Eu não vou escrever mentiras sobre alguém, revelar coisas que só poderiam ser reveladas pela pessoa que é objeto da biografia. Isso desvirtuaria a atividade dos biógrafos. Não acredito na biografia feita à revelia do biografado. Quem saberia mais a respeito de mim que eu mesmo? Não sou contra escreverem biografias sobre mim. Não adianta proibir a circulação de uma biografia porque ela já saiu e ninguém mais segura. É preciso um regulamento para que o biógrafo seja também respeitado. Biografado e biógrafo têm de comungar.
Caso Daniel Alves
"Minha hashtag é #bananacontraopreconceito. A simbologia de jogar a banana no campo foi horrível. Daniel Alves é meu comparsa, conterrâneo de Juazeiro, um homem de uma índole maravilhosa. Eu achei sensível ele pegar a banana e comer. Que bobagem jogar a banana. Foi uma ação contundente. Ele foi sensível. Ele poderia ter sido violento. Mas não. O mundo é preconceituoso ainda de várias coisas. O ser humano precisa aprender. Não importa onde e quando, se é preconceito. O racismo não é diferente de outros tipos de preconceito, como o preconceito religioso, o preconceito regional, o preconceito de padrão físico, de sotaque, a cor de seus olhos, se você é puro de raça ou não. É uma característica do ser humano. O ser humano precisa caminhar muito para evoluir. Não sei se vai sair outra coisa do homo sapiens. Mas tenho fé em Deus que o ser humano ainda pode evoluir.
Fazer um show e carreira internacional
"Eu acho esse negócio de luzes, efeitos, pular daqui e dali, tudo isso é pop e moderno e eu gosto dessa movimentação. Gosto das cabeças balançando. Tira o pé do chão, joga pra cima, eu quero ver! E o uníssono, que coisa bonita. Uma vez cheguei em Angola e o povo abriu a voz. Eu cantei chorando porque as pessoas abriam os acordes em terça e quinta. É um povo muito musical. Eles começaram a cantar como se fosse um coro. Acho tudo isso maravilhoso, mas isso não pode me atrapalhar. Eu estou ali para cantar. Eu quero olhar as pessoas, eu quero sentir. Eu faço tudo para esse momento: emagreço, me exercito, eu cuido da voz. A voz é o grande barato da minha vida. Você quer me ver chateada é quando eu não consigo fazer uma coisa com a voz e tenho que esperar dois dias, dormir direito para melhorar a voz".
A senhora mudaria para fazer sucesso nos Estados Unidos, como fez Shakira?
"Eu não me repaginaria totalmente com o fim de fazer sucesso nos Estados Unidos como fez a Shakira. Mas eu compreendo quem faça. Não tenho objeção a isso. Se vierem me dizer que tenho que gravar em inglês para fazer sucesso nos Estados Unidos, pera aí, mano. Peraí porque isso vai saturar na minha cabeça. Pode ser que um produtor incrível no Havaí e me sugira um álbum em inglês e aí eu posso querer e não fazer outra coisa na vida. Mas eu estou sentindo que não vou fazer, não. Estou numa onda que não".

Fonte: Revista Época


Publicada no dia 4 de maio de 2014, às 16h27

Classificação Indicativa: Livre

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