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'Se uma mulher se considera mãe do seu pet, claro que ela é mãe', afirma especialista

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Publicado em 09/05/2021, às 03h00   Adelia Felix


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Quando a yorkshire Aisha, de 6 anos, esteve desaparecida por alguns dias, em Salvador, a auxiliar administrativa Perilane Brasileiro ficou desesperada. “O pior de tudo é saber que eles não falam. Eu ficava imaginando, será que ela comeu? Será que ela está bem? O coração estava dilacerado”, recorda Perilane.

A história teve um final feliz com o retorno do animal para casa, mas com as almofadas das patinhas feridas de tanto andar. Para Perilane, que já tinha perdido outra cachorrinha após um atropelamento, a sensação de não poder abraçar Aisha era como se nunca mais pudesse ter em seus braços sua filha, uma garotinha de sete anos. 

“É o mesmo amor. Quando Aisha chegou, minha filha tinha apenas um ano. A gente passa a amar, não exatamente da mesma forma, mas muito próximo. Quando ela chegou com as patinhas machucadas, me doía muito. Eu ficava o máximo que podia com ela no colo. Mãe de pet é mãe, e é um amor muito lindo”, afirma.

A vocalista da banda Samba Maria, Lila Brasileiro, irmã de Perilane, reforça. “Para mim é mãe também. Se eu estiver na rua, quero ir para casa para encontra-lo. Se eu for ao banco, eu levo ele. É tão pequenino. Ontem fui levar o carro para fazer revisão, eu levei ele. Esses dias tive uma briga no mercado, e o rapaz não deixou entrar e eu me chateei com ele”, relata a cantora sobre seu filho pet, Zítor, um cão da raça spitz-alemão-anão, também conhecida como lulu-da-pomerânia.

O pet chegou aos braços da cantora quando ainda tinha 45 dias de vida, hoje ele tem dois anos, e o amor entre os dois só cresce. “Há alguns dias ele estava doente. Eu dormi no chão com ele. Deixei a cama de lado. Forrava o chão do lado da caminha dele. Ele tem uma doença chamada colapso da traqueia e pegou gripe. A veterinária veio aqui três vezes, disse que iria me bloquear”, diz. 

Zítor alegra os dias de Lila após um momento muito triste na vida da cantora. Assim como a irmã, ela também perdeu uma cachorrinha. “Ela saiu do meu carro, o rapaz estava saindo da garagem do prédio, ele não viu porque ela era muito pequena... Eu tive que ir ao psiquiatra. Eu ouvia os latidos dela como se ela estivesse comigo. Eu deixei minha casa, fiquei um mês na casa de uma amiga. Tive que me mudar... Eu não sabia que amava tanto aquela cachorra” afirma. A artista acrescenta que tem o desejo de ser mãe, mas por enquanto, todo seu amor maternal é dedicado a Zitinho.

Palavra de uma especialista
Afinal, mãe de pet também pode ser chamada de mãe? Será que ela também pode assumir esse lugar comum da maternidade de amor, de cuidado? A psicóloga e neuropsicóloga Luciana Caldas afirma que sim. “Se uma mulher se considera mãe do seu pet, claro que ela é mãe. O sentimento maternal não está associado necessariamente a um filho humano, mas a qualquer elemento que possa despertá-lo, independentemente da sua natureza”, explica.

Ainda de acordo com a especialista, os pets vêm ganhando um espaço muito importante na vida das pessoas, pois eles se tornam uma ocupação prazerosa, demandam cuidados, fazem companhia, e retribuem a atenção e carinho que recebem dos donos. “Em contrapartida, a construção desse vínculo acaba sendo positiva para a saúde e qualidade de vida dos bichinhos. Por isso, a relação acaba assumindo essa representação de filiação”, acrescenta.

Questionada até que ponto o possível vínculo entre a mãe do pet e o animal pode ser considerado normal, a especialista explica que é até o ponto de fazer mal ou causar problema para os humanos ou para os bichinhos (como em qualquer outro tipo de relação). “O impacto negativo na estrutura emocional, o sofrimento ou a existência de prejuízos funcionais no dia a dia são sinais de que algo na relação não está saudável e precisa de atenção”, detalha. 

 A psicóloga também reforça que o sentimento maternal pode existir na relação entre um tutor e seu animal de estimação, e não há problema em um pet ser considerado como um filho, desde que isso não faça mal ao animal ou aos seus tutores. “Mas um filho humano requer atenção, esforço, cuidado e investimentos que não se comparam a um filho pet. Então essa substituição não é possível, considerando as características de cada um deles”, ressalta.

Ou seja, no coração da mãe de pet, ela é mãe, sim, e ponto final. A mãe de pet também chora, se alegra quando o cão faz algo inusitado, sofre quando o gato está doente e é capaz de cancelar um compromisso somente para cuidar do filho de quatro patas. E a retribuição? Os animais entregam um amor imensurável.

Classificação Indicativa: Livre

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