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Titular da Deam fala sobre importância da denúncia: “Que as mulheres vejam que podem dar a volta por cima”

Divulgação/Polícia Civil
Para Simone Moutinho, a jovem que denunciou o companheiro por cárcere privado é exemplo para todas as mulheres   |   Bnews - Divulgação Divulgação/Polícia Civil

Publicado em 08/03/2019, às 17h35   Shizue Miyazono


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Na data em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher (8/3), a titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Periperi, Simone Moutinho, falou sobre a importância das denúncias de violência contra a mulher. Durante coletiva de imprensa, na tarde desta sexta-feira (08), em que apresentou o suspeito de manter a companheira e o filho dela em cárcere privado há oitos meses, ela afirmou que as denúncias incentivam outras mulheres a se libertarem também.

William Guimarães de Oliveira, de 28 anos, foi preso na quinta-feira (07) após a mãe da jovem, de 18 anos, procurar a Deam para fazer a denúncia. Ele vai responder por tortura, cárcere privado, lesão corporal e pelos crimes contra a criança.

Segundo a delegada, os dois se conheceram através de amigos em comum, começaram a trocar mensagem por Whatsapp, o que levou ao namoro na primeira semana. Eles foram para ilha, brigaram e ela foi abandonada no local, sem dinheiro. William só voltou quatro dias depois, fizeram as pazes e ele disse: que a partir daquele momento ela era dele e ninguém mais poderia toca nela. Aí começaram as agressões, torturas e cárcere privado.



“É coisificar a mulher, achar-se dono de uma coisa e poder usufruir aquele objeto. Esses homens que agem dessa forma olvidam que as mulheres têm sentimento e intelecto. Essa moça é um grande exemplo de mulheres que tiram da dor o pulsar da vida e dão a volta por cima, essas mulheres são exemplo. A importância desse momento é fazer com que outras mulheres tomem força e vejam que podem dar a volta por cima”, afirmou a delegada.

A titular da Deam contou que o homem deixava a mulher e o filho trancados em cômodos separados e usava a criança para castigar a companheira. Muitas vezes ele deixava o menino, de apenas 3 anos, sozinho em casa e só o alimentava a cada dois dias. A jovem contou para a delegada que, em determinado momento, tentou se matar e chegou a pegar uma gilete para cortar os pulsos. Nessa hora, escutou o filho chamando por ela, e desistiu da ideia de tirar a vida para lutar por ela e pela criança.

“Ela era espancada todos os dias, de bicudas e ponta pés. Ela era obrigada a fazer sexo com ele porque ela tinha medo de não fazer, não conseguia mais entender o que era ter prazer ou não, ficava o tempo todo tentando não se machucar”, contou.

A família mudou várias vezes de moradia, sempre quando os vizinhos começavam a suspeitar de alguma coisa. Eles moraram em vários bairros como Paripe, Vista Alegre, na última vez estavam no Jardim das Margaridas, onde William foi preso.

O homem, que é natural do Rio de Janeiro, já tem passagens pela polícia por roubo. “Ele disse que trabalhava como garçom e barman esporadicamente, mas me parece que ele é assaltante de coletivo, tem algumas entradas e teve uma época em que eles moraram com uma pessoa ligada ao crime, que está preso por assalto. Ele já foi conduzido algumas vezes por roubo”, ressaltou Simone Moutinho.

Ela contou que durante o interrogatório o suspeito negou os crimes e afirmou que o que motivou a sogra a denunciá-lo foi um desentendimento familiar. Mas, segundo a delegada, em determinado momento ele disse algo que chamou a atenção dela: “Ele disse ‘eu não sou esse monstro todo’, então fica bem claro que ele tem a consciência que, efetivamente, ele agiu como um monstro”.

Mãe e filho foram acolhidos pela rede de assistência às vítimas de violência doméstica e estão recebendo atendimento psicológico para recomeçar a vida.

Para concluir, a delegada deixou um recado para a população: “Aqueles que têm conhecimento de que as mulheres estão sofrendo façam a denúncia, se envolvam e salve vidas também”.

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