Depois de passar quatro anos à frente da Superintendência de Inteligência da SSP, o novo secretário de Segurança Pública, Maurício Barbos Teles, 34, tem experiência suficiente para afirmar que parte da droga distribuída em Salvador vem de São Paulo. Para ele, esse é um dos problemas do avanço da criminalidade na Bahia.
Durante sua participação no Programa do Bocão, do apresentador Zé Eduardo na rádio Sociedade, nesta segunda-feira (24), Barbosa disse estar atento e acompanhando o deslocamento dos traficantes em São Paulo, fiscalizando as rodovias na tentativa de impedir a entrada da droga no estado.
Segundo ele, 70% da criminalidade se concentram em 12 das 417 municípios baianos e, em sua gestão, regiões comandadas pelo tráfico serão "tomadas".
Ainda de acordo com Barbosa, a meta é instalar base da polícia nestas localidades. "A presença da policia é fundamental para outros serviços. E assim teremos um eficaz combate e diminuição do número de homicídios", aposta o novo secretário.
Questionado sobre a
polêmica gerada pela limitação das informações , que anteriormente eram divulgadas pela Central de Comuniação da Polícia Civil e MIlitar (Centel) aos veículos de comunicação, o novo secretário disse que não tinha nenhuma novidade além do que já foi informado e que o objetivo, segundo ele, é otimizar o serviço.
Sobre os salários dos militares, Barbosa comentou apenas que deve investir em melhores condições de trabalho dos praças.
Bacharel em direito pela Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, em 1998, Maurício Teles é carioca e especializado na área de inteligência policial. Foi auditor do Tribunal de Contas do Estado do Rio e acumulou oito anos de experiência como delegado federal, falou.
A entrevista concedida a Zé Eduardo é uma das primeiras de Barbosa como titular da SSP. Durante a conversa, ele falou sobre seus planos para a segurança pública baiana e comentou sobre a atual condição de violência na capital.
Confira a entrevista com o novo secretário que contou com a participação de ouvintes da Rádio Sociedade:
Neste fim de semana foram dez homicídios no sábado (22) e nove no domingo (23). Qual seria o motivo da banalização do crime na cidade? Teria relação com o tráfico? De que forma este quadro pode mudar?
Nós da SSP, não vamos ficar tranquilos enquanto não resolvermos este quadro. Vamos adotar metas e medidas, mas nenhum programa é feito apenas pela SSP, é preciso uma parceria com a sociedade também. Acredito que parte do problema possa estar relacionado a um desapreço dos valores sociais como religião e família.
De quatro há seis anos o crime parece se especializar em Salvador. Seria viável uma medida como a adotada pelo Rio de janeiro, em a polícia tomou o Morro do Alemão?
Nestes quatro anos fizemos a reestruturação da polícia e fortalecimento do serviço de inteligência e o nosso próximo desafio é desarticular as grandes lideranças do tráfico. E esse é o nosso principal objetivo. Nesta gestão devemos instalar base da polícia nas regiões com maiores incidência de violência. Mas a manutenção da polícia será fundamental para outros serviços. E assim teremos um eficaz combate e diminuição do número de homicídios.
Cerca de 20 mil viaturas foram compras e apresentadas pelo governo. Mas o que falta para iniciar estas medidas?
Em toda a Bahia com mais de 417 municípios cerca de 70% da criminalidade se concentra em 12, temos que priorizar estas localidades, usando nosso efetivo para combater o crime.
Esta estratégia visa também assaltos a bancos?
Sim, o reforço nas unidades e distribuição do efetivo contribui para inibir o problema que é cíclico. O resultado está com o resultado de 250 assaltantes presos, mas temos que continuar no combate.
Segundo o secretário, o novo programa de segurança será sustentando por um tripé de ações: restruturação do corpo policial, expansão da polícia comunitária e o fortalecimento da inteligência e gestão a partir do estabelecimento de metas e o monitoramento periódico das atividades de segurança.
Além disso, Barbosa disse que irá trabalhar em conjunto com o governo federal e com os serviços de inteligência de outros estados para fiscalizar a entrada de drogas pelas fronteiras e o deslocamento das quadrilhas.
Foto: Aristeu Chagas / Bocão News
