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Jovem agredida no Groove Bar poderá ficar com sequelas, diz amiga

Imagem Jovem agredida no Groove Bar poderá ficar com sequelas, diz amiga
Thais Gomes revela que outra menina, Mariana, também foi agredida  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 11/07/2013, às 06h30   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)



 A agressão envolvendo quatro garotas que estavam na casa de shows Groove Bar, na Barra, no último sábado (06), ainda rende nas redes sociais. Em depoimentos, as meninas contam que a jovem Bárbara Oliveira, de 22 anos, foi arremessada para fora da casa após uma discussão com um dos seguranças no local. A direção da casa até tentou se explicar, mas, os argumentos de que a discussão teria começado entre clientes, não deixando claro se a agressão por parte dos seguranças ocorreu, parece ser insuficiente.

Na madrugada desta quarta-feira (10), Thais Gomes, que estava na companhia das garotas, escreveu um texto emocionado a respeito do acontecido. Nele, ela dá detalhes do pós da confusão, como o fato de Bárbara poder ficar com sequelas em uma das mãos e o medo de não poder ser mais baterista profissional. Além disso, ela trás nova informação relevante sobre o caso, que é o fato de outra garota também ter sido agredida com uma chave de braço por um segundo segurança. Veja texto na íntegra:

“É muito humilhante estar na condição de mulher. Não se tem direito a todas as brincadeiras
No sábado passado, eu e minhas amigas Mariana, Marina e Bárbara saímos com nossos piercings, nossas tatuagens e nossos cabelos, vestimos a roupa que escolhemos e fomos ao bar que amávamos para dançar, cantar e se deliciar ao som da banda que tanto gostamos. Terminada a apresentação das bandas. Fomos pagar a conta com o dinheiro que ganhamos ralando a semana inteira. Então, no auge da plenitude de nosso pequeno exercício de liberdade fomos agredidas e lembradas de que mulheres são bonecas.

Eu estava na fila aguardando para pagar a comanda, Mariana, que já havia pagado a dela e a de Marina, estava comigo na fila e saiu para ir ver como Marina estava, pois ela não se sentia muito bem. Voltou e passou pelo cordão de isolamento para me fazer companhia e trazer notícias. Imediatamente o Segurança 1, enxotou Mariana: “Sai, sai, sai... saí daí que você esta furando a fila”. A agressividade do tom que ele usou e a falsidade do que ele estava dizendo já seriam suficientes para nos envergonhar na frente de todo mundo; ela por furar a fila e eu por ajudar. Ignoramos a ignorância dele e Mariana explicou que não estava furando a fila, pois já havia feito o pagamento. Ele foi progressivamente ficando mais grosseiro.

Mariana disse que se ele quisesse mostrava os cartões de liberação dela e de Marina. Ele não arredou pé e começou a falar um monte de coisas. Mariana ficou ouvindo estarrecida e eu comecei a questionar a ordem dele e a argumentar e explicar. Mariana, constrangida pelo estardalhaço dele, encarou-o e disse: “Você está sendo ignorante, mas eu estou saindo”. E quando se dirigia para sair da fila o Segurança 2. Muito indignado por estarmos questionando as ordens gritou a 15cm da cara dela que deveria sair. Mari disse: “Agora, os dois estão sendo ignorantes, mas já estou saindo”. Então, esbravejou sacudindo o dedo no rosto dela: “Você não tem que dizer nada, não. Você tem que obedecer ele e sair”. É claro que ele não se conformou em ela estar obedecendo porque mulher tem de obedecer e obedecer caladinha pra não apanhar.

Como quem deixa de ser boneca, não quer voltar a ser nunca mais, Mariana afastou o dedo dele e ele deu-lhe um tapaço, ela desviou o rosto e atingiu a sua mão. Ela devolveu o tapa.

Como assim, boneca revidando? Ele, então achou que isso lhe dava o direito de avançar do alto de seus mais de 1,80m de puro músculo sobre Mariana que tem 1,60m e 50kg. Começou a puxa-la e agredi-la para impor o seu poder a todo custo.

Tentei, inutilmente afastar o troglodita, o segurança 1 também, mas ele me empurrou e deu uma chave de braço em Mari e puxou seus cabelos arrastando-a por todo o bar por cima das coisas. Ninguém mais tentou impedir. E Mariana foi humilhada na frente de seus amigos e tantas outras pessoas que tiveram dela essa primeira imagem. Mari reagiu até onde a sua voz era capaz, mas contra a força física só lhe restou a impotência e o vexame de estar naquela situação e encarar rostos confusos que não entendiam o que estava acontecendo.

Por fim, jogou-a na rua. Bárbara indignada com a atitude disse que ele estava sendo covarde e grosseiro. Outra boneca questionando? Mas isso estava impossível! Ele perguntou: “Você quer sair tb?”. Bárbara abismada: “Você vai me botar pra fora?”. Sem exitar, ele suspendeu Bárbara e arremessou-a por cima da grade na entrada. Marina foi ajudar Bárbara e ele partiu para bater nela. Um rapaz interferiu e impediu que ele atingisse Marina. Ou seja, agrediu, uma, duas, três, quatro e quantas mais aparecessem, parou porque outro homem (o único igual para ele) impediu.

Bom, os seguranças entraram no bar e sumiram. A polícia foi chamada e se omitiu, não entraram para fazer o flagrante, o gerente não veio prontamente saber o que estava acontecendo com as clientes da casa, dificultaram a entrada da polícia sob o pretexto de “como vamos saber se não foram elas que começaram?”, não prestaram socorro às vítimas... Nem um copo de água, nem uma cadeira para acalmar e nenhuma atitude para resolver. O Groove jogou as vítimas na rua e guardou no estabelecimento os agressores, dando fuga pelos fundos, porque na entrada não passaram e lá dentro não estavam.

Foi isso. Mariana está com fortes dores musculares, passou a manhã de segunda na emergência recebendo medicamentos e não consegue dormir desde então porque tem um pesadelo recorrente de estar apanhando de diversos homens diferentes.

Passa as noites entre o quanto dela e o meu tentando inutilmente relaxar, mesmo tomando antidepressivos.

Bárbara esta com a mão fraturada e o braço engessado. A sua recuperação leva, aproximadamente 3 meses, sendo que pode ficar com seqüelas. Espero e oro para que não porque seu sonho é ser baterista profissional e ela seria impedida de continuar tocando. Marina está atordoada sem conseguir processar o que aconteceu e sem poder fazer muita coisa p ajudar a irmã a melhorar. E eu estou pasma e rouca por causa do estresse, sem conseguir me concentrar em minhas atividades.

Há muitas coisas para se dizer sobre tudo que aconteceu. E muitos aspectos a serem analisados. Mas hoje o que eu estou pensando é isso”.

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Publicada no dia 10 de julho de 2013, às 11h42

Classificação Indicativa: Livre

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