Polícia

Vende-se a Pituba

Imagem Vende-se a Pituba
Falta segurança e sobra violência, dizem moradores  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 09/01/2014, às 21h04   Alessandro Isabel (Twitter @alesandroisabel)




Bairro de classe média da capital baiana, que abriga shoppings, academias, hospitais, mercados, e tem um dos comércios mais movimentados de Salvador, a Pituba vem se destacando pelos constantes registros de arrombamentos a estabelecimentos comerciais e assaltos que tem assustado os moradores e afastado os empresários.

A aparente tranquilidade das ruas arborizadas se desfaz nos relatos das pessoas que trabalham e residem no bairro, que ostenta o status de nobre e de vida noturna agitada com barzinhos, boates e pontos de prostituição. “Já foi muito bom morar aqui. Tempos em que a cada esquina tinha um grupo de idosos jogando dominó e cartas. Hoje em cada esquina encontramos um bandido esperando a hora para agir”, conta o engenheiro agrônomo Carlos Leite, morador de uma das ruas mais movimentadas da Pituba, a Amazonas.


Mesmo com localização privilegiada na cidade, as placas de “vende” e “alugo” em grande parte dos edifícios e prédios, em estado de abandono, evidenciam a desvalorização da área. A reportagem do Bocão News manteve contato com imobiliárias da região e a resposta foi unanime: dificuldades na negociação dos imóveis. “Principalmente em função da crescente violência”, confidencia um corretor que prefere a descrição.

O analista de sistemas Mauro Porto Lago é um dos que está de mudança do bairro. Morador antigo, Porto reclama principalmente da prostituição e do consumo livre de drogas durante a noite na Av. Octávio Mangabeira – trecho que compreende Amaralina até a Praça Nossa Senhora da Luz. 

“Eu tentava manter uma vida normal, mas tive que desistir. Tenho dois filhos e deixamos de fazer caminhada na orla em função das garotas de programa e travestis que mantém relações sexuais dentro dos carros no meio da via, e as vezes na rua. Maconha, cocaína e crack rolam soltos, na frente de qualquer um”, denuncia o analista que comprou um imóvel na Av. Paralela.


Apenas na madrugada da última terça-feira (07) três registros de arrombamentos foram registrados. Na Av. Paulo IV uma banca de revista foi saqueada. A polícia foi acionada, mas os autores não foram localizados. Na Manoel Dias, bandidos utilizaram uma barra de ferro para invadir uma loja de bicicletas. Eles tiveram tempo de acender as luzes, escolher e levar peças, além de duas bicicletas.

Na mesma madrugada, a loja de moda Bodamia Noivas, localizada na Rua das Rosas, foi encontrada por funcionários com a porta aberta e vários objetos quebrados. Peças foram levadas as câmeras de segurança devem auxiliar na identificação dos autores do roubo.

Um dia antes, na segunda-feira (06), a delicatessen Bonjour foi assaltada na rua São Paulo. De acordo com os funcionários, os bandidos chegaram no início do expediente e saquearam os caixas do estabelecimento. Eles levaram também pertences de clientes.

Em 2013 diversos empresários resolveram fechar as portas alegando falta de segurança. Um deles foi Jefferson Nagata, da Casa do Tricolor que foi alvo de bandidos no mês de maio. A informação do crime veio da própria administração da loja que, por meio de sua conta no Facebook, desabafou: “Mais um assalto a loja da Manoel Dias em menos de um mês, onde vamos parar ... Socorro Secretaria de Segurança Publica da Bahia!!!”.

Horas após o desabafo, o empresário emitiu nota informando que “em função dos constantes assaltos e violência a Casa do Tricolor da Pituba fechou as portas”. 


O comando da Polícia Militar informou por meio de nota que “O policiamento na Pituba é realizado pela 13ª CIPM com emprego diuturno de seu efetivo em uso de cinco viaturas quatro rodas e seis viaturas duas rodas (motocicletas), e duplas de policiamento à pé que atuam na “Operação Cooper” nas regiões do Jardim dos Namorados e Parque da Cidade. Além de manter contato aberto com a comunidade e realizar parcerias, o comando da 13ª CIPM/Pituba participa de reuniões quinzenais com o Conselho Comunitário do bairro”.

Mesmo com a garantia do policiamento ostensivo, o empresário Carlos Magno, dono de um estabelecimento na rua Amazonas estuda a possibilidade de mudar de bairro. “Nunca fui vítima, mas conheço inúmeras pessoas que foram, e não vou esperar chegar a minha vez para tomar uma decisão”.

Fotos: Gilberto Júnior | Bocão News

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