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Em mensagens, mulher de Queiroz reclamava das táticas utilizadas por Wassef

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‘Qual o problema? Vão matar?’, diz mulher de Queiroz em mensagem apreendida pelo Ministério Público  |   Bnews - Divulgação Reprodução/TV Globo

Publicado em 02/07/2020, às 12h43   Redação BNews



O Ministério Público do Rio de Janeiro apreendeu mensagens onde a mulher de Fabrício Queiroz, a ex-assessora parlamentar Márcia Oliveira de Aguiar, reclamou das táticas utilizadas pelo advogado Frederick Wassef. Em novembro do ano passado ela disse à advogada Ana Flávia Rigamonti, que trabalha com Wassef, que não queria mais viver como “marionete do Anjo”. “Deixa a gente viver nossa vida. Qual o problema? Vão matar?”

Segundo reportagem do Estadão, as mensagens reforçam as suspeitas que Wassef atuava na proteção e no abrigo a Queiroz e familiares. As informações apontam que "Anjo" é o codinome de Wassef, que defendeu o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no processo que apura o esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). 

A esposa de Queiroz está sendo procurada pela polícia desde o dia 18, quando a Justiça do RJ determinou a prisão dela e de Queiroz.

Nas conversas obtidas pelo MP, Márcia assume que poderia fugir caso tivesse a prisão decretada.

“A gente não pode mais viver sendo marionete do Anjo. ‘Ah, você tem que ficar aqui, tem que trazer a família’. Esquece, cara. Deixa a gente viver nossa vida. Qual o problema? Vão matar? Ninguém vai matar ninguém. Se fosse pra matar, já tinham pego um filho meu aqui”, diz Márcia, em mensagem enviada a Flávia no fim do ano passado. O MP teve acesso ao material em dezembro, quando foram cumpridos mandados de busca em endereços ligados a Queiroz e um celular da ex-assessora foi apreendido.

Segundo as conversas, os planos de Wassef, incluíam alugar uma casa em São Paulo para abrigar toda a família de Queiroz. Naquele momento, o Supremo Tribunal Federal (STF) estava prestes a autorizar a retomada da investigação sobre as rachadinhas. As conversas mostram que Márcia e Ana Flávia, que passou seis meses com Queiroz em Atibaia enquanto trabalhava no escritório, achavam a ideia ruim.

Ainda de acordo com reportagem do Estadão, com o passar dos dias, os áudios enviados por Márcia à amiga eram cada vez maiores e mais frequentes. Márcia dizia que a situação mexia com sua saúde física e emocional. “Sei que também tá acabando com a (saúde) dele (Queiroz)”. 

Segundo a advogada, Queiroz disse isso ao 'Anjo', mas Wassef insistia no plano de esconder a família. “Ele (Queiroz) não quer ficar mais aí, não”, diz Márcia, antes de ponderar: “Ele (Anjo) vai fazer terror, né?” Quando Wassef passava uns dias em Atibaia, Ana Flávia tomava cuidado ao falar com Márcia. A fim de evitar que o chefe ouvisse a conversa, ia para o quintal.

“O Anjo tem ideias boas, sim, mas na prática a gente sabe que não é igual às mil maravilhas que ele fala”, comenta Ana Flávia. A advogada diz que havia conversado até com a mulher de Wassef na tentativa de frustrar a ideia de alugar uma casa para abrigar a família Queiroz em São Paulo.

Márcia revela, nos áudios, achar que o marido estava no “limite” e temia que o estado emocional dele prejudicasse o tratamento do câncer. Segundo a ex-assessora, Queiroz mantinha a compostura em Atibaia, mas, quando ia para o Rio, despejava toda a carga sobre ela. “Chega a ser insuportável a convivência com ele”, diz. “Estou vendo que ele está no limite dele”.

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