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Depois de denúncia de transfobia, professora da UFBA diz ser alvo de calúnia e difamação; entenda

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Denúncia de transfobia aconteceu na última terça-feira (12)  |   Bnews - Divulgação Foto: Divulgação
Luiz San Martin

por Luiz San Martin

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Publicado em 13/09/2023, às 22h30


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A professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) denunciada por transfobia e racismo na última terça-feira (12), veio a público nesta quarta (13) se defender das acusações. Jan Alyne concedeu entrevista ao G1 afirmando que foi alvo de calúnia e difamação. Apesar disso, a docente ainda não prestou queixa em delegacia.

A aluna, identificada como Liz Reis, que é uma mulher trans, teria assistido aula da disciplina de "Produção e Circulação de Conteúdos e Mídias Digitais" pela primeira vez nesta semana, mesmo com o semestre tendo iniciado no dia 14 de agosto.

Na gravação do áudio da aula, a professora inicia um debate com base em um texto aplicado numa aula anterior. Liz, então, é uma das alunas que debate sobre o tema do estudo e em dado momento a docente e incomoda com a "fuga" do assunto do texto estudado, e então pede para que a conversa volte ao tema central do debate, afirmando que Liz não leu o texto que havia sido passado.

"Eu li o texto, meu bem. Eu acho que diminuir o aluno [sic] por não concordar com o que ela quer seguir falando é difícil", disse a aluna. A professora diz que Liz estaria "chateado", e então a aluna a corrige e diz que o termo certo seria "chateada".

"A sua curadoria está tão distinta que você não consegue nem me enxergar como uma mulher, mas desculpa se o meu discurso acadêmico não é compatível com o seu, mesmo estando no mesmo parâmetro", rebateu Liz.

Ao G1, Jan Alyne reconheceu o erro e afirmou que interpretou mal a identidade de gênero da estudante. "Eu não a conhecia, nunca a tinha visto e não fiz a chamada no início da aula. Ela não foi identificada como mulher trans para mim. Eu confundi a minha interpretação, de fato. Eu poderia ter identificado ela tanto como um homem gay, tanto como uma mulher trans. Eu errei", afirmou.

"Quando ela começou a se sentir muito ofendida, porque a tratei primeiro no masculino, corrigi. Estava ficando nervosa e acho que falei outra vez, mas depois não voltei a falar. Ela começou a se exaltar muito, ficava falando coisas ali que não tinham conexão com a condução da aula, com o programa da disciplina", completou.

Depois desse momento, a aluna diz que vai se abster do debate e então a discussão sobre o texto tem continuidade. Após aproximadamente 20 minutos, Liz volta a entrar no debate interrompendo Jan Alyne numa fala, então a docente afirma que acabou perdendo a linha de raciocínio.

Nesse momento, uma outra aluna tenta auxilixar a professora a retomar o assunto, mas então Liz ironiza a situação e afirma que Jan Alyne teria se perdido por estar "chateada". Retomando a aula, a jovem passa a interromper a professora novamente e então Jan Alyne se impõe dizendo que ela é a professora.

Liz então sobe o tom de voz e passa a ofender a metodologia de ensino de Jan Alyne, resgatando o uso errado do adjetivo com o gênero masculino. A aluna se exalta e afirma que vai processar a professora. "Eu sei, meu amor, mas eu estou participando da aula, e eu acho que a senhora não vai me impedir de estar criticamente contribuindo com a aula", disse a aluna.

"E se a senhora continuar fazendo isso comigo – por que eu aguentei a senhora ter feito aquela dinâmica irrisória, insuportável comigo, desde errar o meu pronome, até fazer a minha existência, como aluna aqui dentro dessa sala, não existir, eu vou abrir um processo contra a senhora. A senhora é professora mas eu sou aluna. E o meu direito como aluno [sic] eu estou exercendo, que é participar criticamente", completou.

Depois desse momento, a professora se retira da sala em busca de outro funcionário para retirar Liz da sala de aula. "Ela se exaltou bastante, e eu tive que sair da sala, porque ela não estava deixando a gente continuar a aula. Eu desci para chamar um servidor, porque eu estava com um pouco de medo também. Eu pedi apoio a ele, porque eu queria convidá-la a sair da sala, já que eu não estava conseguindo dar minha aula. Aí ela começou a se exaltar mais ainda", disse Jan Alyne

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