Polícia

"É fundamental que as pessoas entendam e pratiquem o respeito às mulheres", afirma titular da Deam

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Delegada explicou de que forma a polícia tem atuado para enfrentar os casos de violência contra a mulher  |   Bnews - Divulgação Unsplash
Bernardo Rego

por Bernardo Rego

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Publicado em 23/08/2023, às 05h00


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Os índices de violência na Bahia só nos mostram o quanto é preciso continuar investindo em segurança pública. O setor de estatística da Polícia Civil e da Secretaria de Segurança Pública (SSP) têm registrado números expressivos quando o assunto é violência contra a mulher.

Segundo dados da Polícia Civil, até julho de 2022 foram registrados 14.397 casos de ameaça contra 15.565 no mesmo período de 2023, ou seja, houve um aumento de 8,11%. Já para o crime de estupro houve uma queda 10,3%, saindo de 1.234 no ano passado e 1.107 no corrente ano. O crime de importunação sexual foi contabilizado 296 casos em 2022 frente 361 em 2023, alta de 22%. Já a lesão corporal houve uma queda de 1,22% e feminicídio a queda foi de 3,7% no período avaliado.

Em entrevista ao BNews, a titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Periperi, Iola Nolasco, comentou que o cenário de violência contra a mulher não mudou muito, e destacou que ainda há muito trabalho a ser feito. "O cenário, em si, não vem mudando muito. A exceção à antiga regra são os meios de comunicação mais próximos à sociedade e a divulgação de mecanismos que salvaguardam a mulher da prática da violência doméstica. O cometimento de crimes sempre existiu e o que mudou, sobretudo, foi a acessibilidade ao poder público. Importante lembrar que ainda temos muito trabalho pela frente, mas não só das forças policiais. É preciso toda sociedade se unir, uma vez que não só as mulheres são vítimas, mas uma família inteira é afetada por este tipo de violência", disse. 

"As medidas protetivas são um dos avanços, mas é fundamental que as pessoas entendam e pratiquem o respeito às mulheres e que a rede de proteção esteja cada vez mais engajada com a população, desde a mudança de cultura até a repressão dos crimes contra as mulheres", acrescentou. 

Ela também comentou de que forma a polícia tem atuado para enfrentar essa temática. "A nova gestão da Policia Civil da Bahia vem primando pelo aperfeiçoamento no atendimento de seus servidores, promovendo treinamentos múltiplos através da Acadepol, bem como realizando a renovação de seu material de informática, implantação de novo sistema operacional integrador de suas unidades operativas, além de incentivar a aproximação com a população através das denúncias anônimas e, no caso das Deam, promovendo eventos como rodas de conversas com alunos das redes pública e particular", pontuou.

No âmbito do poder judiciário, o BNews conversou com o advogado criminalista Bruno Valverde, que esclareceu ser este um problema histórico trazido de uma sociedade predominantemente machista, e por essa razão, os números com relação à violência contra a mulher só tendem a aumentar.

O advogado também pontuou sobre a atuação do poder judiciário no enfrentamento da resolução desse tipo criminal. “O Poder Judiciário jamais vai conseguir dar conta dos casos que a ele são levados em um tempo razoável. E isso, é claro, sem considerar que muitos dos casos de violência contra a mulher não dão tempo de serem levados a ele. Quando a mulher não é vitimada antes, ainda em sede de Inquérito Policial. Fora que tem a questão da mulher muitas vezes não querer denunciar o agressor por não se ver protegida pelo poder público. É uma verdadeira tragédia”, explicou.

Valverde também comentou sobre as medidas protetivas concedidas pela justiça para tentar amenizar o sofrimento das mulheres. “Geralmente é o que ocorre. A mulher que é vítima de violência vai à Delegacia e diz que está sendo vitimada pelo companheiro e, como medida de dar, muitas vezes, alguma resposta a isso, a própria autoridade policial requisitar a protetiva contra esse suposto agressor. Só que quando vira processo e chega a uma decisão final essa mulher já pode ter sido novamente vitimada fatalmente”, concluiu.

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