Polícia

Heloísa Brito fala em velório de delegada vítima de feminicídio: “É preciso fazer mais para além do cumprimento da legislação”

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Delegada-geral comentou que esse tipo de situação pode acontecer em qualquer estrato social  |   Bnews - Divulgação Joilson César/BNews

Publicado em 12/08/2024, às 11h53   Bernardo Rego e Dandara Amorim



A delegada-geral da Polícia Civil, Heloísa Brito, participou na manhã desta segunda-feira (12), do velório da delegada Patricia Neves Jackes Aires, que aconteceu na cidade de Santo Antônio de Jesus, a cerca de 150 km de Salvador. Patrícia foi vítima de feminicídio e o seu corpo foi encontrado em São Sebastião do Passé.

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Em entrevista à imprensa, Brito ressaltou que o crime fica como um alerta principalmente no mês de agosto, onde há uma campanha no enfrentamento da violência contra a mulher. “Num mês simbólico como este, onde nós temos uma delegada que trabalhava na proteção das nossas mulheres vítimas de violência e ser ela mesma vitimada, acende para todas nós, independente da instituição que ocupemos, o alerta de que é preciso fazer mais para além do cumprimento da legislação. É preciso sim criarmos uma rede e eu diria até de proteção da própria vítima de si mesma, porque muitas vezes o que a gente percebe é que ela não consegue, apesar de ter todos os meios disponíveis em termos de legislação ou de conhecimento, ela não consegue quebrar esse ciclo. Então que isso sirva de alerta, de elemento conscientizador, não só para os policiais, mas para todo cidadão, toda cidadã, que entenda que é necessário intervir, intervir às vezes de um modo mais firme, até para proteger a própria vítima”, ressaltou. 


A delegada-geral disse ainda que esse tipo de crime pode acontecer em qualquer estrato social, não somente com mulheres policiais ou que atuem nas forças de segurança. “Infelizmente nós vemos casos acontecerem que envolvem não só forças de segurança, mas judiciário, Ministério Público, ou seja, a violência contra a mulher, ela pode acontecer em qualquer estrato social, independente da profissão que você ocupa. E por isso que exatamente mostram como é difícil, se não se trata apenas da falta de estrutura especializada. [...] De fato, é um processo de consciência, de modificação de atitudes e de comportamentos”, concluiu. 

Agosto Lilás 

O mês de agosto há uma campanha de conscientização para o fim da violência contra a mulher. Este ano, o governo federal através do Ministério das Mulheres lança a campanha “Feminicídio Zero - Nenhuma violência contra a mulher deve ser tolerada”.

A iniciativa tem por objetivo dar visibilidade ao tema e ampliar a divulgação sobre os direitos das mulheres em situação de violência, além dos serviços especializados para acolhimento, orientação e denúncia.

Segundo o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 1.467 mulheres morreram vítimas de feminicídio em 2023 - o maior registro desde a sanção da lei que tipifica o crime, em 2015. As agressões decorrentes de violência doméstica tiveram aumento de 9,8%, e totalizaram 258.941 casos. Houve alta também nas tentativas de feminicídio (7,2%, chegando a 2.797 vítimas) e nas tentativas de homicídio contra mulheres (8.372 casos no total, alta de 9,2%), além de registros de ameaças (16,5%), perseguição/stalking (34,5%), violência psicológica (33,8%) e estupro (6,5%). 

Classificação Indicativa: Livre

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