Polícia

'Houve um excesso dos seguranças', diz advogado da família de porteiro morto em abordagem no metrô de Salvador

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Em conversa com o BNews, advogado esclarece o que aconteceu com o porteiro antes de sua morte no metrô  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Redes sociais

Publicado em 19/01/2024, às 21h38 - Atualizado às 23h15   Cadastrado por Victória Valentina


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"Era pai de três filhos e muito brincalhão". É assim que os advogados Dielson Monteiro e Pedro Fernandes, que atuam na defesa da família de Edmar Moreira, descrevem o porteiro de 38 anos que foi morto após ser imobilizado por agentes da CCR Metrô, na Estação Acesso Norte, em 6 de janeiro

Em conversa com o BNews, Dielson contou que a família segue indignada e em buscas de respostas para o acontecido. De acordo com ele, naquele fatídico dia, o porteiro havia saído para trabalhar às 5h30 e acabou morto pouco mais de 30 minutos depois. Sua rotina foi interrompida logo após uma briga com um suposto vendedor ambulante dentro de um ônibus.

"Ele estava indo para o trabalho dele e houve uma certa confusão. Ele era uma pessoa bastante tranquila, pai de três filhos, pagava pensão certinha. Brincalhão, gostava de jogar bola. A família está indignada porque sabe que houve um excesso, independentemente do que ele poderia ter feito. Poderia ter matado, roubado, mas houve um excesso, e isso foi punido", disse.

Segundo a defesa, os parentes só souberam da morte de Edmar à noite, após buscas pelo rapaz. Eles foram informados pelo patrão do porteiro que ele não havia chegado ao trabalho.

"O dono da empresa começou a ligar [para saber de Edmar]. Ligou para ele, não conseguiu, e aí ligou para a família, que começou a buscar por ele. Procuraram nas UPAs, no Hospital Geral do Estado (HGE) e nada. Foram procurar no Instituto Médico Legal (IML) e encontraram o corpo lá", explicou Monteiro.

Nas imagens das câmeras de segurança da Estação Acesso Norte, é possível ver o momento em que Edmar é conduzido algemado e, posteriormente, imobilizado por dois seguranças. Segundo o advogado, o porteiro ficou cerca de seis minutos desacordado, e os agentes não acionaram o SAMU, confrontando a versão dada em nota pela CCR.

"Foram populares que viram a situação e acionaram o SAMU. Os agentes ficaram ali, não fizeram uma técnica de reanimação. Claro que a gente depende do laudo final, mas tá visível que houve uma imprudência, uma falta de zelo, de cuidado deles. Eles ficaram ali na frente, um olhando para a cara do outro, e quando perceberam que ele estava desacordado, não fizeram nada", afirmou o advogado.

"A gente não sabe pra onde eles levaram a maca. Não tem uma câmera que acompanha para onde os seguranças levaram, qual foi o tempo. Consta em um ofício da SAMU que um popular ligou para o socorro, e não um agente. Quando liga para a SAMU, eles perguntam quem é, e tem esse registro", completou.

Ainda de acordo com a defesa da família de Edmar, um perito que atuou no caso informou que todo procedimento feito pelos agentes da CCR foi incorreto, e que poderia ter salvado a vida da vítima.

"O procedimento não era aquele, não era pra ter sido feito quando ele já estava desacordado. Era pra ligarem pra ambulância e fazer o procedimento lá, no local. O laudo ainda não saiu, mas um ofício indica que Edmar teve uma parada cardiorrespiratória", alegou.

Em nota, a CCR Metrô informou que "ao constatar que o passageiro tivera mal súbito, os agentes o conduziram para a sala de APS (atendimento de primeiros socorros), que conta com todos os equipamentos de reanimação e equipe treinada. No local, ele recebe atendimento até a chegada do SAMU. O SAMU é chamado enquanto o passageiro se encontrava em atendimento na sala de APS".

Por fim, a concessionária lamentou o caso e informou que os agentes que estiveram envolvidos na ocorrência foram afastados de suas funções operacionais até a conclusão das investigações.  

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