Polícia

Jovem passa por madrugada de terror durante corrida por aplicativo em Salvador: “Fiquei assustada e nervosa”

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Jovem foi surpreendida por motorista por aplicativo, que a levou para um local deserto e desconhecido  |   Bnews - Divulgação Marcelo Camargo/Agência Brasil
Sanny Santana

por Sanny Santana

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Publicado em 17/04/2023, às 12h45


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Uma noitada com as amigas que devia ter terminado de forma tranquila e divertida, acabou se tornando uma noite de terror para a estudante de jornalismo Bruna Bitencourt, de 23 anos, na madrugada de sábado (15). A jovem acusa um motorista por aplicativo de mudar o trajeto da corrida e a levá-la para um local deserto. 

Em conversa com o BNews, Bruna contou que tudo começou quando ela estava saindo de um bar, onde curtia com as amigas, no bairro de Cajazeiras, em Salvador. Ela pediu uma corrida para a região onde mora, em São Cristóvão, e não demorou para que o carro chegasse.  

Seguindo a viagem sozinha, a estudante não imaginava que passaria por momentos desesperadores, afinal de contas, o motorista parecia tranquilo e conversava normalmente.  “O motorista foi educado a princípio. A gente chegou a conversar sobre a música que estava tocando [no rádio do carro], estava tocando samba e eu tinha acabado de sair de um, e depois acabou o assunto. 

“Em algum momento, depois da Estrada Velha, eu peguei no sono e eu acordei em um local completamente deserto. Era uma rua que, no final, era um espaço aberto, de praia. Não vi casa por perto, tinha alguns carros estacionados, mas não vi movimentação de pessoas, não tinha ninguém, eram 2h40”, ela explica. 

“Eu acordei no susto, com o carro desligado, e o motorista tinha saído da direção e estava vindo para o banco de trás (...) eu tinha notado que a corrida não estava mais rodando no celular do painel, e aí foi nesse meio tempo, dele saindo da frente e vindo para o fundo, que eu abri do lado oposto e saí correndo, gritando com ele, dizendo que eu não estava bêbada, que ele não tinha direito de tentar nada comigo, que ele não tinha que ter cancelado a corrida, eu estava indo pra minha casa”, relatou. 

Bruna ainda disse que seus gritos assustaram o motorista, que não disse qualquer palavra e retornou para o banco da frente. A vítima, então, entrou em contato com a amiga, que ainda estava no bar, e tentou solicitar outra corrida, mas sem sucesso.  

“Tentava chamar outro carro, mas o sinal não carregava, o aplicativo não achava localização e eu não estava conseguindo chamar outro veículo”, relata. Segundo Bruna, o motorista ainda disse que ela não conseguiria chamar outro carro naquele local, e se ofereceu para levá-la a avenida principal. 

Bruna declarou ter sentido medo de entrar no carro novamente, mas seria sua única alternativa. “Naquela hora, avaliando onde eu estava, sem conseguir pegar outro carro, não vi outra escolha para chegar em algum local mais movimentado”, opinou. 

A estudante, então, entrou no veículo e, assim que passou pela avenida principal, gritou para que ele parasse o carro. Sem ter seu pedido atendido, Bruna precisou saltar do carro ainda em movimento. Apesar do susto, ela não se machucou. 

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Durante a viagem, o motorista não falou uma palavra sequer. “Ele seguiu, e eu não vi mais o carro dele porque entrei na primeira rua que conhecia para poder sair da via principal. Fiquei com medo de ele dar a volta. Fiquei muito assustada e nervosa, não quis tentar pedir outro Uber e subi para casa andando mesmo”. 

A jovem ainda não sabe para qual local foi levada pelo motorista, mas identificou que se tratava de uma região entre a Pedra do Sal e Stella Maris.  

Segundo Bruna, a primeira coisa que fez ao chegar em casa, pouco depois das 3h, foi denunciar o caso na plataforma. “Reportei a situação, a única opção que achei foi de assédio e dei entrada como assédio mesmo, escrevi o que tinha acontecido e eles me enviaram um e-mail automático dizendo que entraria em contato comigo. Eles mandaram outro, às 5h, dizendo que tinham tentado entrar em contato e não conseguiram, mas eu não recebi qualquer ligação”, declara. 

Bruna, que precisava viajar no mesmo dia, às 6h, não prestou Boletim de Ocorrência no fim de semana, mas afirmou que denunciará o caso nesta segunda-feira (17). 

O perfil do motorista, o qual o BNews teve acesso, mostra que o suspeito possui mais de 5 anos trabalhando com a plataforma. Apesar do ocorrido, o homem possui avaliação de 4.96/5 e recebia elogios de clientes. 

Após a publicação da matéria, a Uber informou que não aceita comportamentos abusivos e que a conta do motorista foi desativada. Conifra nota completa:

"A Uber considera inaceitável qualquer tipo de comportamento abusivo contra mulheres e acredita na importância de combater e denunciar casos de assédio e violência. A conta do motorista foi desativada e a Uber se coloca à disposição para colaborar com as autoridades no curso das investigações. 


A empresa defende que as mulheres têm o direito de ir e vir da maneira que quiserem e têm o direito de fazer isso em um ambiente seguro. Por isso, desde 2018 a empresa mantém o compromisso de participar ativamente do enfrentamento da violência contra a mulher e segue investindo constantemente em conteúdos educativos contra o assédio para motoristas.


Em conjunto com o Instituto Promundo, foi lançado o Podcast de Respeito e mais recentemente a Uber lançou uma campanha educativa de combate ao assédio em parceria com o MeToo Brasil. Além disso, também em parceria com o MeToo, a plataforma possui um canal de suporte psicológico para apoiar vítimas de violência de gênero e que já foi oferecido para a usuária nesse caso.

Segurança é uma prioridade para a Uber e inúmeras ferramentas atuam antes, durante e depois das viagens  para torná-las mais tranquilas, como, por exemplo, o compartilhamento de localização, gravação de áudio, detecção de linguagem imprópria no chat, botão de ligar para a polícia, entre outros".

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