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Médica é acusada por 22 pacientes de dar falsos diagnósticos de câncer para lucrar com cirurgias; saiba detalhes

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Segundo a investigação, médica convencia pacientes saudáveis a passar por cirurgias  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Redes sociais

Publicado em 18/03/2024, às 20h55   Cadastrado por Victória Valentina


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Ao menos 22 pessoas procuraram a Polícia Civil do Paraná para denunciar a médica Carolina Biscaia Carminatti, de 35 anos, que atua na cidade de Pato Branco. Ela é acusada por pacientes de aplicar golpes informando falsos diagnósticos de câncer de pele, na intenção de lucrar com a realização de procedimentos cirúrgicos sem efeito. As informações são do site O Globo.

Segundo os investigadores, uma das vítimas diz ter sido lesada em cerca de R$ 13 mil, alémd e relatar trauma e as cicatrizes. Caso indiciada, a médica poderá responder pelos crimes de estelionato, lesões corporais e falsificação de documento particular.

De acordo com a polícia, durante as consultas a médica examinava pintas e manchas dos pacientes e afirmava que algumas delas poderiam ser cancerígenas. Na sequência, retirava o material e encaminhava para um laboratório. Acontece que, na reconsulta, Carolina apresentava ao paciente um laudo aparentemente falso com diagnóstico de câncer de pele.

As suspeitas começaram após um paciente, que não recebeu o exame da profissional, ir até o laboratório e constatar um resultado diferente do diagnóstico, que constava que não tinha câncer de pele. 

Os pacientes relataram que perguntavam à médica se os altos valores cobrados poderiam ser pagos via plano de saúde, mas ela negava. Além disso, pressionava para que o valor fosse pago imediatamente, seja em dinheiro ou cartão. 

"Os pacientes tinham que pagar de imediato. Ela colocava uma pressão em cima desses pacientes que era surreal. Ela dizia: "olha, se você não retirar, vai se alastrar e é muito grave, você precisa fazer a cirurgia com urgência Uma cliente minha disse que ficou muito abalada com a notícia e que não tinha como decidir nada naquele momento. Ela, mais tarde, começou a encaminhar áudios falando: "Tem que fazer, se o problema for dinheiro, agente tá um desconto", relatou o advogado André Luiz Rodrigues Hamera, que representa esses pacientes.

Além dos danos financeiros e psicológicos, pacientes tiveram danos físicos, supostamente provocados pela médica. "Algumas vítimas tiveram que costurar 10, 12 pontos por procedimentos sem nenhuma necessidade. Uma paciente ficou com uma cicatriz gigantesca na perna. Quem olha as fotografias fica impressionado (...) Uma coisa é você receber um diagnóstico de gripe, outro é ouvir que você tem câncer. Vários clientes meus estavam com parentes tratando câncer, e até câncer de pele, mesmo, quando receberam os diagnósticos. Uma tinha a avó fazendo radioterapia por câncer de pele. Então, quando as famílias recebiam essas notícias, se desestruturavam", disse o advogado.

Defesa

Procurado, o advogado de Carolina Biscaia, Valmor Antonio Weissheimer, afirmou em nota que "não existe qualquer acusação formal contra sua cliente" e que nessa fase de investigações a defesa "aguarda a perícia técnica ser juntada aos autos de inquérito, para análise".

"Após o nosso exame, iremos requerer a juntada de novos documentos, bem como testemunhas, à autoridade policial, desejando ajudar a instruir o relatório final", acrescenta Weissheimer. "Se porventura sobrevir Ação Penal, estamos preparados para contestar ponto a ponto e confrontar, de forma técnica, todas as teses que virão para justificar ao magistrado a absolvição de nossa cliente".

Ainda segundo a defesa, não há provas de crime ou infração cometidos pela médica. "Sobre as possíveis ações cíveis entendemos que não existem quaisquer provas cabais que possam induzir o juízo a julgá-las procedentes. Com relação ao CRM, iremos comprovar que não restam evidências que possam levar o órgão de classe a qualquer punição em face da profissional. Nossa cliente está calma, porque é sabedora que tudo será esclarecido no momento certo".

Apuração do caso

Também em nota enviada ao Globo, o Conselho Regional de Medicina do Paraná informou que instaurou um procedimento sindicante, que corre sob sigilo, "para apurar possível desvio ético cometido pela referida médica". O CRM informou que Carolina Biscaia está regularmente inscrita, mas não possui registro de especialidade neste Conselho.

Além disso, A Sociedade Brasileira de Dermatologia no Paraná reforçou o que disse o CRM-PR e acrescentou ainda que "a médica já havia sido denunciada e julgada anteriormente por anunciar indevidamente a especialidade".

Classificação Indicativa: Livre

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