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Mulher é vítima de estupro coletivo praticado por policiais; um deles quis comprar silêncio da jovem

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Mulher alega que só denunciou estupro coletivo ao descobrir gravidez  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Redes sociais

Publicado em 02/02/2024, às 18h55   Cadastrado por Victória Valentina


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Uma mulher de 33 anos denunciou um grupo de policiais militares por estupro coletivo durante uma festa em Guarujá, no litoral de São Paulo. O crime teria acontecido em agosto de 2023, mas a denúncia foi feita em dezembro do mesmo ano. A ouvidoria da Polícia Militar paulista pediu o afastamento dos suspeitos assim que foram identificados e que a Corregedoria assuma o caso devido à gravidade das acusações.

Segundo a vítima, o estupro aconteceu em uma casa alugada, onde acontecia um evento para cerca de 20 pessoas. Doze delas teriam participado do crime. A mulher registrou um boletim de ocorrência ao descobrir que estava grávida.

À polícia, a mulher disse que acredita ter sido dopada enquanto ingeria bebidas alcoólicas e que só acordou no dia seguinte, sem saber o que tinha acontecido. Segundo a vítima, inicialmente, ela teve uma relação consensual com um dos integrantes da festa em um quarto no imóvel. Ela complementou que, após "apagar" no cômodo, os demais a estupraram. 

A denunciante contou ainda que só ficou sabendo do caso por conta de outra mulher que estava no local. “Ela me disse: ‘Você estava em um quarto com vários caras. Safadinha, hein’. E eu respondi que não, que na verdade eu nem sabia o que estava acontecendo. Foi quando ela começou a ficar preocupada”, relatou a vítima ao g1.

“Me senti usada. Eles fizeram uma ‘fila’ e eu conseguia ouvir algumas coisas. Diziam: ‘Vai logo! Deixa que é a minha vez’”, lembrou a mulher.

Negociação pelo silêncio

Segundo o advogado da vítima, Allan Kardec Iglesias, ela não pretendia procurar a polícia, mas foi informada que, para realizar o aborto legalmente, seria necessário fazer o registro do estupro coletivo.

“Ela não queria levar o caso adiante. Tinha medo da situação e até de como poderia ficar a imagem dela. Em dezembro, ela descobriu que tinha engravidado em decorrência desse caso e decidiu fazer a interrupção da gravidez. Para isso, precisou fazer o B.O”, diz o advogado, que não representava a vítima na época.

De acordo com ele, a partir do registro da ocorrência, a mulher passou a ser procurada pelos policiais.

“Ela registrou esse B.O. por uma questão de formalidade, nem quis dar muitos detalhes sobre o ocorrido. Mesmo assim, de algum jeito, isso vazou e chegou na mão dos PMs envolvidos. E então um outro policial, que não estava no local onde ocorreram os fatos, entrou em contato, como um intermediário, pedindo para que ela não levasse o caso adiante. Até então, a intenção dela realmente não era essa”, diz Iglesias.

As conversas entre eles ocorreram entre dezembro e janeiro. Segundo as mensagens de WhatsApp as quais o site Metrópoles teve acesso, os PMs teriam chegado a oferecer R$ 30 mil pelo silêncio da mulher sobre o estupro coletivo.

“Você tem que ver que é uma briga na Justiça grande. Pode ser que dê alguma coisa ou não dê nada. Isso que tô tentando explicar”, afirma o intermediário dos policiais. “Então tá, 30 seria um bom número né?”, responde a ela. “Eu creio para ambas as partes, vocês e ele”. “Sim… eu também só quero acabar com isso tudo logo. Seria o mínimo né… depois de tudo… Eles seguem e eu sigo também”. “Mas vamos combinar. 15 e depois que acabar tudo mais 15”.

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Reprodução/Metrópoles

O advogado alegou que a mulher fingiu estar negociando para tentar obter mais informações sobre o que teria ocorrido.

A ouvidoria da Polícia Militar de São Paulo pediu o afastamento dos suspeitos assim que foram identificados e que a Corregedoria assuma o caso devido à gravidade das acusações.

A Polícia Militar abriu uma sindicância interna para apurar o eventual envolvimento dos agentes no crime.

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