Polícia

Bombeiro alerta sobre riscos da má utilização de redes de proteção em residência

Publicado em 27/01/2017, às 14h31   Tony Silva


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Mortes de crianças ao serem ejetadas para fora de janelas de apartamentos com proteção de redes já marcaram os noticiários baianos e nacionais, a exemplo do caso Isabella Nardoni, que tinha 5 anos quando foi encontrada morta no jardim do Edifício London, na Zona Norte da capital paulista, em março de 2008. Na Bahia, o garoto Guilherme Yokoshiro, também de 5 anos, morreu ao cair do sexto andar de um prédio no bairro de Brotas, em Salvador, em novembro de 2015. Em ambos os casos, a rede de proteção foi alvo da perícia para ajudar a explicar as causas das mortes.

O assunto vem à tona mais uma vez com a morte do garoto João Victor Saito Novaes, 10 anos, que caiu do 20ª andar do edifício Mansão Torre do Horto, no Horto Florestal, em Salvador, na noite desta quarta-feira (25). A reportagem do Bocão News entrou em contato com o major Ramon Dieggo, comandante do 3º Grupamento de Bombeiros Militares (GBM), especializado em salvamentos, para saber dos riscos de potencialização de acidentes e suas consequências com o mau uso e outros descuidos com as redes de proteção.

O major Ramon Dieggo explica que o caso João Victor ainda dependerá do resultado da perícia para ser classificado, mas que a maioria dos acidentes com redes de proteção giram em torno de fatores que se repetem, a exemplo do mau uso, desgaste, prazo de validade, estado de conservação, avarias e fadigas do material, além da instalação inadequada e a qualidade dos artigos utilizados. 

As pessoas devem estar atentas aos cuidados desde a escolha do equipamento,  produto e a instalação. “A validade máxima é de três e tanto o material para instalação, a exemplo de objetos como: os ganchos metálicos, as buchas e o próprio material para fazer a trama (trançado dos fios), como a instalação devem estar dentro das especificações da NBR 1646”, explica o major.

Apesar da validade de até três anos, major Ramon orienta que as pessoas observem o desgaste com as intemperes da natureza, a exemplo da força do sol e da chuva. “Independentemente do prazo de validade, as pessoas devem observar alguns sinais de desgaste, a exemplo da mudança de coloração, elasticidade nas tramas, corrosão nos grampos. Os materiais da rede devem ter durabilidade. Os grampos por exemplo, devem ser galvanizados. A instalação deve ser feita por pessoas especializadas com equipamentos adequados”, acrescenta.

O comandante do 3º GBM também alertou sobre algumas atitudes de pessoas que tem redes nos seus apartamentos. “Em hipótese nenhuma deve-se brincar com este equipamento. Já flagramos casos em que os pais brincavam de jogar a criança contra a rede e pegar de volta, como se fosse uma rede elástica. Pessoas chutam bolas nas redes, se encostam e impõem outras sobrecargas. Isso força e desgasta esse acessório de segurança, que está ali para o momento de real necessidade”, adverte.

Major Ramon também relatou outros descuidos que podem potencializar os acidentes. “As pessoas também utilizam a rede para secar roupa e lavam com sabão em pó e outros produtos os produtos de limpeza inadequados, estes deixam resíduos químicos que desgastam as tramas. Também existem casos em que as pessoas guardam objetos sobre a rede, causando também sobrecarga, fadiga e elastecimento. Com isso tudo, pode ser que no momento que ele realmente precise não funcione. As sobrecargas e desgastes podem causar a soltura de peças e conexões da parede, a exemplo de buchas e ganchos que devem estar instalados de maneira corretas”, explica.

O comandante do 3º GBM também chama atenção para os cuidados, que devem ser redobrados com as crianças. “Geralmente, as crianças gostam de escalar esse material. Em hipótese nenhuma deve-se usar as redes de proteção para brincar escalando ou colocando outra força. Ela deve ser usada apenas no momento de real necessidade para evitar acidentes. Os pais devem evitar deixar materiais abrasivos, cortantes, ou que promova combustão, tesouras, facas, além de isqueiros, vela, fósforos, entre outros, pois já atendemos casos em que crianças cortaram a rede com faca, tesoura e até vela”, relata.

Para o coordenador da Rede Consumo Seguro e Saúde -Bahia, que atualmente reúne 27 órgãos públicos e entidades no enfrentamento dos acidentes de consumo, Gustavo Figueiredo, as redes de proteção precisariam passar por uma certificação compulsória. "No último caso de óbito no final de 2015, encaminhamos ao Inmetro uma proposição de que este produto passe por certificação compulsória, ou seja, tenha uma normatização com critérios de segurança", comentou Figueiredo. O coordenador também alerta sobre as instalações. "Devem ser realizadas com profissionais especializados, para que não coloque em risco os moradores", alertou.

Para acionar o Corpo de Bombeiros Militares da Bahia as pessoas devem ligar para 193 e sempre evitar passar trotes.

Publicada originalmente dia 26

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