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Policiais minimizaram crime sexual e até induziram mulheres a não denunciar dono do Bambambã, relatam vítimas

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Dono do Bambambã foi condenado recentemente por um dos crimes  |   Bnews - Divulgação Reprodução / Tripadvisor

Publicado em 05/09/2022, às 06h57 - Atualizado às 06h57   Redação


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Ao menos 14 mulheres relatam ter sido constrangidas por delegados e agentes de delegacias especializadas ao tentarem denunciar abusos que teriam sido cometidos por Gabriel Ferreira Mesquita, dono do bar Bambambã, em Brasília.

Uma das vítimas, que não será identificada, relatou que registrou boletim de ocorrência após a veiculação dos casos pelo portal. Ao narrar o abuso na Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (Deam), no Rio de Janeiro, teria sido constrangida pela agente Marluce Freitas de Souza, responsável por fazer o registro da queixa.

“Pensei que com o caso na mídia, mais pessoas entenderiam a gravidade do tanto de mulher denunciando. No entanto, quando procurei a delegacia para registrar o BO, acabei ouvindo a seguinte frase da agente: ‘Você não sabia que estar numa cama com um homem, você corria o risco?'”, contou a vítima ao Metrópoles.

Na ocasião, a jovem teria respondido: “Absolutamente nada dá o direito a um homem violar uma mulher. Apesar de no início eu ter consentido a relação, a partir do momento que falei para parar e ele continuou, não existia mais consentimento. Ele me violou”. “É difícil, né? Se nem na delegacia da mulher a gente tem esse acolhimento na hora de denunciar algo tão difícil, aonde a gente vai ter?”, disse ao site.

Outra vítima, disse que após ler diversas denúncias nas redes sociais, reuniu coragem e procurou as autoridades, a fim de registrar queixa contra o homem. Mas, também foi desacreditada e constrangida em uma Deam.

Além disso, segundo a jovem, ao receber a cópia do relatório final do inquérito policial, o delegado Lucas de Souza Lopes, à época comandava a 1ª Delegacia da Mulher, em São Paulo, teria escrito a seguinte frase: “Não há elementos mínimos para fundamentar uma possível denúncia”.

“Toda a história me fez ver, ainda, o quão difícil é denunciar um crime como esse. Não só por medo, vergonha, exposição, mas pelo despreparo dos profissionais. Se nós, juntas, mulheres brancas, instruídas, de classe média fomos hostilizadas e tememos, imagina o que acontece com mulheres humildes, analfabetas, negras, índias e pardas ”, disse a vítima.

Em 31 de agosto deste ano, a 2ª Vara Criminal de Brasília condenou Gabriel Ferreira Mesquita a seis anos de prisão em um dos processos no qual é acusado de estupro contra mulheres na capital. O processo em questão trata de uma vítima de um caso ocorrido em 2018. Segundo a denúncia, Gabriel forçou sexo anal com a mulher aproveitando-se de que ela estaria embriagada e sem condições de reagir. Cabe recurso à decisão, e Gabriel poderá recorrer em liberdade.

Na capital do país, o mesmo ocorreu com 12 mulheres que procuraram a Delegacia da Mulher (Deam). Na unidade policial, foram convencidas pela então delegada da titular da Deam, Sandra Gomes, a não tornarem o assunto público sob pena de terem “o inquérito arquivado”. 

Em nota, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) disse que “todas as delegacias são preparadas para registrarem ocorrências policiais a respeito de abusos sofridos por mulheres, assim como as especializadas”. Ainda de acordo com a corporação, “vítimas que não conseguirem registrar ocorrências podem efetuar reclamação junto à ouvidoria da PCDF”.

Já a Polícia Civil do Rio de Janeiro, por sua vez, informou estar “apurando a denúncia [contra a agente Marluce Freitas de Souza], uma vez que o relato não condiz com a metodologia de atendimento das delegacias”. Segundo o órgão, “cuidado e acolhimento são prioridades para as equipes das Delegacias de Atendimento à Mulher (DEAM) do estado do Rio de Janeiro”.

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