Polícia

Vítimas de tráfico humano descrevem horrores vividos em cativeiro: “Comia tripas e lesma”

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Ao desembarcarem em Bangcoc, na Tailândia, os jovens foram levados para um cativeiro em Myanma e obrigados a trabalhar  |   Bnews - Divulgação Divulgação/Redes Sociais

Publicado em 17/11/2022, às 20h58   Camila Vieira



Dois jovens relataram os horrores do período em que estiveram num cativeiro em Myanmar. Nathalia Munhoz e Patrick da Silva Palma de Lopes, ambos de 25 anos, foram vítimas de tráfico humano, depois de concodarem viajar para uma falsa proposta de emprego em Bangcoc, na Tailândia. A proposta era de um salário de US$ 1,5 mil por mês para trabalhar em um call center. Os jovens são de Ribeirão Pires, em São Paulo. Ao desembarcarem em Bangcoc, na Tailândia, os jovens foram levados para Myanmar, país próximo, e obrigados a trabalhar em um esquema internacional de extorsão, em condições análogas à escravidão.

“Vivemos uma mistura de sentimentos durante a expectativa da chegada deles. Momentos de felicidade, nervosismo, angústia, choro. Ao vê-los e tocá-los, tudo isso foi desmoronando”, relatou Cristiano. Tudo começou quando Nathalia viu um anúncio de vaga de emprego no Instagram para trabalhar na Tailândia. A jovem se interessou ao perceber que se enquadrava no perfil descrito no post. O homem que divulgou a suposta vaga se apresentava como André. Entretanto, sua família se mostrou contrária à decisão de ir para o outro lado do mundo em busca de um emprego.

Após aceitar a vaga de emprego, Nathalia e o pai decidiram como ficaria a situação das duas filhas pequenas. Marina, de 5 anos, e Antônia Beatriz, de 4 anos, iriam ficar sob os cuidados do avô paterno. “As pessoas que conduziriam eles até a empresa não falavam inglês ou português. Ao entrarem no carro, eles já se depararam com duas pessoas fortemente armadas com metralhadoras e fuzis. Com medo, minha filha postou um vídeo mostrando o entorno durante a chegada e, de relance, alguns dos caras. Já mostrou certa apreensão ali. Àquela altura, eu ainda tentei tranquilizá-la”, relata Cristiano.

Cativeiro - A jovem contou à reportagem que viajou durante dois dias de carro após desembarcar na capital da Tailândia até chegar a um local chamado KKparque, em Myanmar. Os prédios eram uma espécie de condomínio dominado e comandado pela milícia responsável pelo sequestro. A vítima ainda está muito abalada, mas contou ao Globo sobre as condições de vida em que era mantida durante o cárcere. “Comia tripas, lesmas, dormi em chão duro, passei fome e frio”, conta Nathalia.

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