Política

CUT realiza evento tímido no Dia do Trabalhador

Publicado em 02/05/2011, às 17h57   Folha de São Paulo e Agência CUT



Em meio a guerra com outras centrais sobre o fim da contribuição sindical, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) passou o 1º de Maio isolada das demais entidades e fez um evento menor, reunindo não mais do que mil pessoas no Vale do Anhangabaú, em São Paulo.

Até mesmo a presença de políticos ficou aquém da expectativa. Sem a presença da presidente Dilma Rousseff, com pneumonia, e do ex-presidente Lula, o palco da CUT contou com poucos petistas do alto escalão.

A central é a única que defende o acordo feito, ainda no governo Lula, para a extinção do imposto sindical. Pelo acordo, assinado por seis representantes de centrais, o repasse só seria feito enquanto não houvesse um projeto de lei acabando com o imposto sindical.

A proposta é criar uma comissão da negociação coletiva em que o trabalhador escolhe para qual sindicato faria a contribuição. O imposto sindical é compulsório e equivale a um dia de jornada.

Participaram da festa o presidente do PT, Rui Falcão, o secretário-Geral da Presidência, Giberto Carvalho, e o presidente da Câmara, Marco Maia. Também estiveram presentes o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e Edinho Silva, presidente do PT-SP.

Quase no encerramento, durante o ato político da noite deste domingo, Dia do Trabalhador, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, uma figura que pela primeira vez participava das comemorações que são feitas no Brasil nesta data fez um comentário enfático: “Esta é a melhor celebração de 1º de Maio em que eu já estive em qualquer lugar do mundo”, disse Danny Glover, ator de cinema estadunidense, militante do movimento negro dos EUA e filho de pai e mãe sindicalistas.

“E sabem o que há de tão especial nesta celebração da CUT? O reconhecimento de que há um relacionamento extraordinário entre o Brasil e a África, de que somos filhos e filhas de Mandela, e de que está nascendo um novo dia para o continente africano. E a CUT sabe disso”, disse.

O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), que horas antes havia estado na celebração que as demais centrais estavam realizando em outro ponto da cidade, também fez uma declaração enfática, desta vez marcando as posições políticas que a CUT vem defendendo há quase três décadas no Brasil: “Sou cutista e tenho orgulho de estar aqui, porque na CUT há o que existe de melhor no movimento sindical brasileiro”.

De alguma forma, deram a deixa para a fala que encerraria depois o ato político. “Mais uma vez a CUT mostra ousadia e inovação, ao eleger como tema a importância de fortalecermos as relações entre Brasil e África, entre nossos povos e entre nossa luta por direitos e avanços sociais”, iniciou Artur Henrique, presidente da CUT.

Também em sua fala, Artur destacou a disputa sindical que se acirra no Brasil. “Neste Primeiro de Maio nós estamos também levantando mais uma vez a necessidade de acabar com o famigerado imposto sindical, que estimula a criação de aproximadamente 2,3 novos sindicatos por dia, a maioria sindicatos que não representam nada, que não fazem nada para melhorar a vida dos trabalhadores”, afirmou.

0“Cada vez mais precisamos é fazer com que os sindicatos no Brasil sejam fortes, representativos, e isso só vamos conseguir quando os trabalhadores puderem escolher, decidir como querem financiar seu sindicato”, completou. A CUT defende o fim do imposto sindical e que em seu lugar seja introduzida a contribuição sobre a negociação coletiva, que seria votada em assembleias de trabalhadores da base de cada sindicato. Essa forma de financiamento tende a fortalecer sindicatos que têm atuação e a acabar com os sindicatos de fachada, que por não fazerem nada não conseguiriam convencer os trabalhadores a aprovar a contribuição.

Já o presidente da Câmara Federal Marco Maia investiu na mesma linha. “A Presidência da Câmara assume compromisso para reduzir a jornada e para acabar com o fator previdenciário”, disse. Maia, inclusive, entregou a Artur uma cópia do ato oficial de seu gabinete que instituiu, na semana anterior, uma comissão especial na Câmara para debater e fazer avançar uma legislação que acabe com as mazelas da terceirização no mercado de trabalho.

A festa desse domingo foi encerrada por uma apresentação de Martinho da Vila e Mart'nália. Outros shows aconteceram e o público se animou, apesar da persistente chuva que caía. Chico César, Rappin Hood, Ilê Ayê - um dos mais apreciados pela audiência, e o angolano Do Murras marcaram presença.

Por todo o Brasil, as CUTs estaduais realizaram celebrações. Fechando a noite, os sindicatos cutistas da região do ABC fizeram ato em São Bernardo (SP). Também em São Paulo, a estadual da CUT fez comemorações descentralizadas em outros pontos da cidade.

Classificação Indicativa: Livre

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