Uma idosa, já beirando os 70 anos, seguidora da fé e da bondade de Irmã Dulce, teve uma grande decepção ao sair domingo da solenidade de beatificação do Anjo Bom da Bahia. Voltando com a família de carro pela orla, ao passar pela área de Patamares, tomou um susto e ao mesmo tempo alimentou uma esperança.
Quatro motoqueiros - neste caso não é motociclista - da Transalvador, fechavam os cruzamentos da via para abrir passagem para uma Van e um Voyage com sirenes ligadas. A senhora pegou seu crucifixo, começou a orar e pensou: “Deve ser o papa e esta turma de moto é a Guarda Suíça que se deslocou do Vaticano pra cá! Terei uma oportunidade única de vê-lo neste momento!”. Triste engano. A ilusão não durou muito.
O papa Bento XVI não veio para a beatificação e logo no mesmo instante do seu pensamento, a idosa percebeu a realidade. Os batedores - de bater mesmo - deram tapas no seu veículo para a comitiva passar. Dentro da Van, ninguém menos do que o prefeito João Henrique e sua equipe, segundo quem dirigia o veículo.
Se comprovada a presença de João no carro, será um péssimo exemplo para o cidadão. Fechar vias, bater nos carros à frente e não enfrentar o trânsito como um cidadão pagador de impostos é uma atitude muito pouco democrática.
A caravana passou furando o engarrafamento, mas a idosa não perdeu sua fé. Segurou o crucifixo nas mãos e rezou. Rezou muito pelo povo, que é obrigado a passar por esses constrangimentos até em um dia de paz como o de domingo. É apenas o que resta a todos nós mesmo. Com a palavra, os envolvidos.
Da coluna de Emmerson José, no Correio desta terça-feira (24)
