Apontado como o chefe do clube das empreiteiras que atuou no esquema de corrupção da Petrobras, o dono da UTC, Ricardo Pessoa, afirmou aos investigadores da Lava Jato que foi pressionado de maneira "sutil" pelo ministro Edinho Silva (Comunicação Social) a fazer doações para a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, de acordo com informações publicadas pelo jornal Folha.
Segundo a publicação, o vídeo da delação premiada do empresário, obtido pela Folha, mostra que Pessoa hesitou em acusar diretamente Edinho, que foi tesoureiro da campanha em 2014. "Essas coisas são feitas de uma forma bastante sutil. O Edinho sempre foi muito elegante no que ele falava, está certo? Quando ele falava disso, falava no sentido da persuasão", contou Pessoa.
"Evidentemente estava implícito, ali, que se eu não contribuísse com a campanha do jeito que ele estava precisando, ele ia ficar me cobrando, ia ficar alegando que eu tinha obras com a Petrobras. É isso aí. Ele sempre vai dizer assim: 'Você precisa contribuir mais, cara, você é um cara que está aqui conosco. Você é um cara que tem um monte de obra'", narrou Pessoa.
Ao mesmo tempo, o dono da UTC afirmou que "em momento algum" se sentiu "achacado ou ameaçado" pelo ministro. "O que eu senti é que a nossa vida na Petrobras passava também por uma contribuição para a campanha presidencial".
Ainda de acordo com a reportagem, o PT pediu R$ 20 milhões da UTC, mas os valores para a campanha de Dilma foram acertados em R$ 10 milhões, sendo que R$ 7,5 milhões foram pagos e o restante não foi depositado porque o empresário acabou preso em novembro de 2014.
À Polícia Federal, Edinho negou que tenha pressionado a UTC a fazer doações. Em nota divulgada na época das acusações de Pessoa, o ministro afirmou ter "a tranquilidade de quem agiu dentro da legalidade".
