Política

Planilha apresenta novos repasses da Odebrecht a Santana

Publicado em 04/03/2016, às 08h00   Redação Bocão News (@bocaonews)


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A Polícia Federal descobriu uma nova planilha que apresenta a realização de novos pagamentos para João Santana no valor de R$ 21,5 milhões, entre 30 de outubro de 2014 e julho de 2015, fora de qualquer contabilidade oficial de campanha. Os repasses ocorreram logo depois das eleições de 2014 e e se estenderam em meio à Operação Lava-Jato.A operação 
Os novos documentos foram anexados nesta manhã de quinta-feira, conforme antecipou O GLOBO, ao pedido de prorrogação da prisão do marqueteiro e de sua mulher, Mônica Santana, que estão detidos há dez dias na carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Ao receber o pedido da PF, o juiz Sérgio Moro determinou que fosse dada ciência ao Ministério Público Federal e à defesa dos investigados para que se manifestem até 15h30m desta quinta-feira sobre os novos pagamentos identificados. O magistrado decide até o fim do dia se acata ou não o pedido de conversão da prisão do casal.
Na planilha, são identificados repasses a "feira", nome que executivos da Odebrecht usavam para se referir a João Santana, de acordo com a força tarefa da Lava-Jato. Ao lado dos valores e da menção a "feira", eram também inseridos codinomes, como "pitanga", "bacalhau", "macaxeira" e "beiju".
Para a polícia, são "indicativos de tratar-se de operações à margem da contabilidade da empresa, buscando 'mascarar' pagamentos não contabilizados de forma oficial".
Os pagamentos teriam sido realizados em parcelas de R$ 500 mil e R$ 1 milhão.
"É possível que muitos outros pagamentos tenham ocorrido em períodos anteriores ou posteriores ao documento arrecadado", escreveu a PF no relatório levado à Justiça.
Os investigadores questionam o posicionamento adotado até o momento por João Santana, que negou ter recebido pagamento no Brasil para prestar serviços de campanha fora da contabilidade oficial.
Contabilidade Paralela
Na última sexta-feira, ao pedir a primeira prorrogação da prisão do casal, a PF já havia mencionado trecho de uma planilha impressa em papel com menção de pagamento da Odebrecht no valor de R$ 4 milhões a "Feira". O documento estava na casa de Maria Lúcia Tavares, funcionária da Odebrecht presa na última fase da operação e libertada nesta quarta-feira.
A força tarefa da Lava-Jato não conseguiu ter acesso ao sistema onde a tabela foi gerada e impressa, que os investigadores acreditam se tratar de contabilidade financeira paralela da Odebrecht. Os pagamentos, em reais, teriam ocorrido no período em que Santana trabalhava para a campanha presidencial de Dilma Rousseff de 2014.
Em petição levada à Justiça Federal na quarta, a defesa de João Santana e Mônica pediu a revogação da prisão, sob a argumentação de que todo o dinheiro recebido por eles em contas no exterior ou no Brasil seria fruto de trabalho de comunicação realizado para campanhas, sem que soubessem a origem do dinheiro.
Na quarta-feira, o jornal O GLOBO perguntou à Odebrecht se a empresa realizou pagamento para o casal Santana no Brasil, em dinheiro, e fora da contabilidade oficial de campanhas. Perguntou também o significado do termo "feira" nas anotações de Marcelo Odebrecht e documentos apreendidos na empresa.
Por meio da assessoria, a Odebrecht informou que "não se manifesta sobre fatos que envolvem inquérito em andamento".
Publicada originalmente em 3/3 às 15:31.

Classificação Indicativa: Livre

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