Clima fica tenso no A Tarde após família Simões tomar comando do grupo Piatra

Conforme antecipado pelo Bocão News, a família Simões Filho retomou na manhã dessa sexta-feira (4) o comando do jornal A Tarde. No entanto, se o clima no periódico já era ruim, acabou por ficar marcado pela tensão existente após a família Simões fazer uma assembleia nessa semana e decidir por retomar a direção do jornal com o argumento de que até o momento não houve oficialização da compra, uma vez que a negociação ainda não está registrada na Junta Comercial da Bahia (Juceb) pelo grupo Piatra SP Participações.

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Nessa manhã, o grupo tradicional chegou ao A Tarde para retomar os cargos e reconduzir os diretores que foram demitidos pelos novos donos. A presença de uma viatura da Polícia Civil piorou a situação no jornal e novo diretor de redação, Marconi Reis, afirmou que o ambiente foi “invadido”.  “Tudo isso porque hoje começaria a abertura da caixa-preta. Você não tem ideia do que existe aqui, é coisa para Ministério Público. Eles não têm mandato judicial para estarem aqui”, reclamou.

Washington Miranda, diretor-superintendente também questionou a ação. “Temos um contrato de compra e se encontra vigente. Nos surpreendeu chegar hoje cedo e nos deparar com isso. Dois acionistas minoritários invadindo o jornal e dando ordens. A família teve uma assembleia, deliberou assuntos e não nos comunicaram. Nem a decência de nos comunicar tiveram. A gente não pode tolerar isso”, frisou Miranda.

A ação da família Simões invalida a demissão ocorrida nessa quinta-feira (3) e a nomeação feita pela direção da Piatra. Foram demitidos na ocasião Mariana Carneiro, diretora de redação e Luís Bernardes, diretor de circulação, além de Edmilson Vaz e Emanuel, do Marketing e Comercial e Cleber, do Financeiro. De acordo com uma fonte do jornal, o dinheiro que estava entrando estava sendo usado pelo grupo Piatra “para pagar a família Simões e fazer pagamentos de despesas que não eram deles”. “Quando a gente descobriu isso e foi questionar, eles pegaram e demitiram toda a diretoria”, afirmou o funcionário em conversa com a reportagem.

O ato gera um impasse em que ambos os grupos argumentam ter legitimidade para conduzir o jornal. Marconi e Miranda apontam situações críticas encontradas no jornal como sonegação de FGTS, de imposto, contratos de permuta que não são encontrados, dentre outras.

Diante do entrave, a fonte ouvida pelo Bocão News e que é ligada à família Simões afirma que o grupo Piatra não tem legitimidade para promover mudanças, uma vez que não concretizou a compra. “O processo de demissão que ocorreu ontem não tem validade. A gente não poderia ser demitido por um grupo que não faz parte da empresa. Nenhum protocolo foi cumprido. A empresa pertence à família, que fez uma assembleia destituindo a direção de Geraldo Vilalva, por isso os Simões retornaram para a empresa”, apontou. Ela conta ainda que a acusação de invasão ao jornal é “exagero”. “É rotina o carro da polícia estar ali. As vezes os agentes param para tomar água, conversar com o pessoal”, frisou.