Delegados da Polícia Federal organizam uma mobilização nacional em defesa dos agentes que atuam na operação Lava Jato. Aqui na Bahia, o diretor regional da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Rony Silva, afirma que o trabalho da PF é técnico e está afastado do acirramento político.
“O que está acontecendo na Lava Jato é a politização do trabalho técnico da PF. Isso tem que parar. Todos os atos de moro são supervisionados pelas instâncias superiores”, disse Rony Silva em entrevista ao programa Se Liga Bocão, na Itapoan FM, nesta segunda-feira (21).
Silva repetiu críticas às declarações do ministro da Justiça, Eugênio Aragão, que ameaça trocar o comando da PF em caso de vazamento de áudio envolvendo a cúpula do governo. “Trabalhar sob pressão é natural à função policial, mas pressão política é outra coisa, é indevida”, pontuou.
Rony Silva ainda contestou a tese de que o monitoramento telefônico feito pela PF ao ex-presidente Lula tenha buscado invadir a privacidade da presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, o que vem a ser captado no áudio do petista é “incidental”. “Todas as pessoas que falam com ele são interlocutores, não importa se tem foro privilegiado”.
“Ela não era o alvo da operação, portanto o foro privilegiado da presidência não se estende a ela naquele momento. Vai se estender a ela se o juiz do caso entender que existiu no áudio um crime e que precisa ser apurado, aí ele transfere o foro para o Supremo Tribunal Federal.
Silva ainda disse que os policiais federais trabalham com orçamento bastante limitado quando são deslocados para outras cidades. “A diária da PF está defasada. São R$ 127 para hotel, alimentação e transporte. Isso não cobre o custo de estadia. Muitas vezes eles ficam na casa de conhecidos”, denunciou.
“Vamos na paixão e na vontade. Quando você vê o trabalho se fortalecendo e a população dando esse apoio, e a gente sabe o Brasil está carente, as pessoas se sujeitam e levam com muita propriedade esse trabalho à frente”, relatou Rony Silva.
