Política

Presidente da comissão do impeachment prega imparcialidade e zero manipulação

Publicado em 01/04/2016, às 23h48   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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Estreante na Câmara Federal, Rogério Rosso (PSD-DF), tem nas mãos uma das missões mais desafiadoras e importantes no cenário político brasileiro: presidir a comissão especial que analisa o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). 
Advogado por formação e especialista em direito tributário, Rosso foi eleito pelo voto de 62 dos 65 titulares do colegiado. Para ele, seu perfil sereno e conciliador, diante de divergências políticas tão ferrenhas, o credenciou ao posto, mesmo sendo novato na Casa. 
Apesar do jogo de cintura, Rosso é enfático ao pregar a independência e imparcialidade da comissão. Em entrevista à Agência Brasil, ele rebateu declarações feitas na imprensa de que esteja alinhado ao pensamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que já disse publicamente ser contrário ao governo Dilma. “Se manter uma boa relação institucional é estar próximo, então estou próximo. Mais do que isso é pura especulação e maldade”, replica.
Embora a função de presidente não lhe dê direito ao voto, Rosso afirma que vai declarar sua posição sobre o processo depois de analisar, calmamente, a defesa de Dilma e o relatório de Jovair Arantes.
No holofote da imprensa nacional e internacional, Rosso evita glamourizar seu papel. Afirma-se simples e diz que, além da pouca vaidade, é católico e que sua compreensão sobre o ser humano é o que o ajuda a conduzir os debates com tranquilidade. Diz também que tem se esforçado para manter sua vida particular preservada, com atividades físicas e o convívio familiar.
Apesar do acirramento ideológico entre as bancadas, ele diz que é impossível prever um placar tanto na comissão quanto no plenário. “Aqui é uma casa política, mas é claro que o relatório tem um viés que não desconsidera aspectos técnicos e jurídicos da questão. É possível fazer estimativa de acordo com a bancada, estado, bandeiras e tendências, mas é difícil arriscar qualquer placar. É um momento difícil e somente ali, na votação nominal, quando cada parlamentar for chamado, é que, de fato, saberemos. Tem várias histórias de 1992, que não sabemos se são histórias com H ou com E, que parlamentares se posicionavam de uma forma e, naquele dia, mudaram seus votos. É impossível prever o resultado”, lembrou.
Em sua avaliação, seja qual for o desfecho do travamento político - com eventual impedimento ou não da presidente Dilma, uma hipotética posse do vice Michel Temer, ou ainda a convocação de novas eleições -, o país precisa reunir-se em torno de um programa de repactuação pela retomada do crescimento econômico e expansão de negócios.
“Nossa pauta de exportações hoje está resumida a minério e alimento, o que é louvável, mas um país que quer estar inserido num sistema global de economia forte, precisa ter manufaturados fortes, indústria forte, conhecimento aplicado à tecnologia, universidades altivas. O país está parado aguardando um desfecho de uma crise política. Esta repactuação terá que acontecer entre partidos de esquerda, direita ou de centro. Senão, além de não sair da crise econômica, vamos agravar. As crises são tão caras que é muito grave desperdiçá-las. Me preocupa quando um líder faz discurso para dividir o país. Não podemos continuar com uma pauta política negativa porque alimenta fortemente a econômica”, observa.
Rosso ainda falou do legado que a comissão deixará. “Num momento de muita antecipação de julgamentos, ser uma comissão mais correta possível do ponto de vista jurídico. Uma comissão onde os ânimos estão muito acirrados, mas de respeitabilidade forte. E uma comissão que não teve medo, receio ou preguiça de se reunir todos os dias, sejam reuniões ordinárias, internas ou em finais de semana. No impeachment de 1992, não tinha tantas controvérsias. Era quase uma linha única. Nesta veio uma denúncia formulada por cidadãos diferentemente do conjunto de provas de CPIs [comissões parlamentares de inquérito]”.

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