Política

Gim Argello usou até igreja para mover propina de R$ 5,3 milhões

Publicado em 12/04/2016, às 11h18   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)



O Ministério Público Federal (MPF) disse nesta terça-feira que as propinas pagas ao ex-senador Gim Argello (PTB-DF) chegaram a mais de R$ 5,3 milhões. Este seria o montante recebido por ele para barrar investigações relacionadas às empreiteiras UTC e OAS na CPI da Petrobras, instalada em 2014. O ex-senador Gim Argello (PTB-DF) foi preso preventivamente na manhã de hoje 28ª fase da Operação Lava-Jato. A Força-Tarefa frisou que esta operação não investiga outros políticos envolvidos no esquema.
Segundo os procuradores, Argello recebia dinheiro para não convocar empreiteiros para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito. Além de delações que indicavam a participação de Argello no esquema , a Polícia Federal disse que houve interceptações de ligações telefônicas e outros materiais apreendidos que comprovam o crime de corrupção.
A propina era recebida também por partidos e grupos políticos indicados pelo então senador — foram citados DEM, PR, PMN e PRPB. Ao lado do PTB, eles formaram em 2014 a coligação “União e Força”, pela qual Gim Argello era candidato a senador pelo DF. De acordo com a Força Tarefa, não há indícios de que os partidos beneficiados sabiam das negociações e da origem ilícita dos recursos.
O dinheiro vinha por meio de doações a partidos políticos que compunham a CPI. Além disso, R$ 350 mil foram pagos à Paróquia São Pedro, em Taguatinga, no DF, frequentada por Gim. Segundo a Força-Tarefa, a paróquia foi indicada por Gim para receber doação — numa conta corrente da igreja.
— Não temos, nos documentos da Lava-Jato, documentos de qualquer pessoa com foro — disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, salientando que esta investigação ocorreu após a separação dos processos entre quem tem foro (com o Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria Geral da República) e quem não tem (com Curitiba).
Segundo o MPF, o pagamento à paróquia é associado a uma pessoa identificada como “Alcoólico”, que seria o apelido de Gim Argello, por ser um trocadilho com a bebida “gim”. O apelido apareceu em troca de mensagens de Léo Pinheiro com Otávio Marques de Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, outra empreiteira envolvida no esquema da Petrobras.
Segundo o procurador Athayde Ribeiro Costa, “é uma gravidade e audácia de Gim (Argello) usar a CPI para cometer crimes (…) é gravíssimo usar uma CPMI para praticar crimes que deveriam ser investigados”.
— Travestir propina em forma de doações legais é uma coisa que existe há muito tempo, agora vamos nos aprofundar sobre isso — ressaltou Carlos Fernando.

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