Política

Ala do PP quer punição de deputados baianos; Cacá Leão ameniza:decisão conjunta

Publicado em 18/04/2016, às 16h53   Rafael Albuquerque (@bocaonews)



A direção nacional do Partido Progressista (PP) já começou a agir com relação aos parlamentares que contrariaram a decisão oficial pró-impeachment da sigla e votaram a favor do governo na votação desse domingo (17), na Câmara dos Deputados. Após se abster de votar, ajudando indiretamente o governo Dilma Rousseff, o deputado federal Beto Salame foi destituído (17) do comando do PP no Pará pela direção nacional do partido. Segundo o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), Salame já tinha sido avisado que, se contrariasse o fechamento de questão da sigla a favor do impeachment, seria destituído do comando estadual da legenda.


Deputado federal Cacá Leão (PP) - se absteve na votação

Na votação de domingo, dos 45 deputados do PP, 38 votaram a favor do impeachment, 4 contra e 3 se abstiveram. Até então, a expectativa do governo era de ter mais de 10 votos favoráveis a Dilma na legenda. Dos votos favoráveis ao governo, quatro foram dados por deputados da Bahia. Dois votaram contra (Roberto Britto e Ronaldo Carletto) e dois se abstiveram (Cacá Leão e Mário Negromonte Júnior). Eles votaram a favor do governo, alegando ter uma aliança regional com o governador da Bahia, Rui Costa, do PT. O vice-governador baiano, João Leão, é presidente estadual do PP. De acordo com o Estadão, a ala pró-impeachment do PP já pediu "providências" à direção do partido em relação aos baianos. No entanto, pela questão regional e pelo fato de o partido ter a vice-governadoria do Estado, o caso é considerado delicado por Ciro Nogueira.

O entendimento da bancada baiana é o mesmo, e talvez por isso não vejam essa ameaça da ala pró-impeachment com muito temor, apesar de saberem que o “caso não está resolvido”, como afirmou o deputado Cacá Leão à reportagem do Bocão News. O parlamentar explicou: “esses últimos dias foram muito difíceis, momentos de muita negociação. A decisão do partido (pelo impeachment) foi uma posição radical no processo. A gente sempre ponderou que tinha uma questão local que era muito difícil pra a gente se posicionar”. Cacá reiterou que a boa relação da sigla com o PT na Bahia pesou na escolha: “Somos aliados desde 2008, temos uma relação sólida de lealdade e credibilidade. O nosso posicionamento era o mais difícil desse processo. O partido exigiu a divisão dos votos, seriam dois a favor e dois contra. Mas não tínhamos como fazer isso”.


João Leão, presidente estadual do PP e vice-governador da  Bahia

Questionado sobre se houve um anúncio prévio à direção nacional do PP ou se as abstenções e, sobretudo, os votos contrários ao impeachment foram uma surpresa, Cacá amenizou: “Não, nós conversamos com eles, falamos nossa posição. A decisão foi tomada junto com o comando nacional. Não era o que o partido queria, mas foi o que conseguimos fazer no momento. Foi o que conseguiu trazer conforto para nosso pessoal no estado no momento”. Cacá sabe que a posição de seu pai, João Leão, que é presidente do PP na Bahia e vice-governador do estado, pesou para que tivessem o ímpeto de ir de encontro à direção nacional: “o vice-governador é presidente do partido no estado e eu sou filho dele, e isso colocou mais responsabilidade em minha decisão. Essa responsabilidade partidária acabou caindo no nosso colo”. Por fim, sobre a concretização das ameaças de punição de uma ala do partido, Cacá amenizou: “Sabemos que o caso não está resolvido, mas como o presidente Ciro falou, a Bahia tem uma peculiaridade. Tem a ala que exige punição, mas a relação que criamos ao longo do ano nos conforta”.

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