Política

Cerveró cita envolvimento de Cunha e Renan em propinas, em depoimento

Publicado em 19/04/2016, às 09h22   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)



O ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, acusou os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha, ambos do PMDB, de envolvimento em irregularidades na contratação de navios-sonda da estatal. Cerveró prestou nesta segunda-feira (18) seu primeiro depoimento como delator da Operação Lava Jato ao juiz federal Sergio Moro, em Curitiba, e chorou.
Ao ser questionado sobre o lobista Jorge Luz, que atuava na Petrobras, o ex-diretor disse que Luz tinha sido "o operador que pagou US$ 6 milhões" referentes à sonda Petrobras 10.000, contratada junto à multinacional Samsung. "Foi o Jorge Luz o encarregado de pagar o senador Renan Calheiros, o senador...", disse.
Neste momento, Moro interrompeu a fala, em que Cerveró citaria o nome de outro congressista, argumentando que o assunto não fazia parte da ação penal em questão. Como Renan tem foro privilegiado, investigações sobre ele dependem de autorização do STF (Supremo Tribunal Federal) e ficam a cargo da Procuradoria-Geral da República, em Brasília.
Em outro trecho do depoimento, Cerveró disse que a Samsung havia prometido propinas de US$ 20 milhões, que não foram pagas, na negociação de um contrato de uma das sondas.
"Só depois de vários anos, o [lobista] Fernando Soares [o Baiano] conseguiu, através de um apoio do deputado Eduardo Cunha, receber parte da propina devida dessa segunda sonda", afirmou.
Cerveró disse a seguir que mencionava o assunto apenas como um "parênteses", e não deu mais detalhes –Cunha também tem foro privilegiado.
Ao fim do depoimento, ele pediu desculpas ao juiz por ter mentido sobre offshores em depoimentos anteriores.
O ex-diretor chorou ao mencionar "o esforço e a coragem" do filho, Bernardo Cerveró, quando relembrou o episódio em que Bernardo gravou uma conversa com um advogado e o senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) em que o parlamentar sugeria a fuga de Cerveró para o exterior. "[Ele] Teve a frieza de ficar uma hora e meia conversando", disse.
Também pediu desculpas à sociedade e à Petrobras, empresa na qual trabalhou por 40 anos. Moro, ao encerrar o depoimento, concordou com Cerveró. "Seu filho realmente foi bastante corajoso, merece os elogios do senhor."
A ação penal, na qual Cerveró é um dos réus, aborda o empréstimo de R$ 12 milhões do banco Schahin ao pecuarista José Carlos Bumlai. A transação, segundo a Lava Jato, teve como destino final o PT. A suspeita é de que a Petrobras tenha entregue ao grupo Schahin a operação de uma sonda. Em troca, a dívida do partido foi perdoada.
Cerveró confirmou essa versão e disse que o então presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, teve envolvimento direto no caso. Segundo o ex-diretor, Gabrielli disse a ele que o PT tinha uma dívida de R$ 50 milhões com o banco Schahin que precisava ser "resolvida".

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