Política

FHC minimiza ministério de Temer com investigados da Lava Jato

Publicado em 13/05/2016, às 08h46   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)



No ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avaliou as escolhas de presidente em exercício Michel Temer e minimizou a composição dos ministérios com investigados na Lava Jato.
Ele disse ainda que se o novo governo não responder às expectativas, o PSDB, hoje aliado, deve ‘cair fora’ e reafirmou que Dilma é honesta, mas cometeu erros no governo. Confira uma parte da entrevista concedida ao portal O Globo. 
No fim de semana, o sr. levou a Temer uma insatisfação do PSDB com a formação do novo Ministério. Essa reforma anunciada hoje (quinta-feira) é a que o Brasil precisa?
O que vimos foi corte de ministros pela perda de prerrogativa de foro, como o presidente do Banco Central, e outros ministérios sendo fundidos. Isso é para inglês ver. Economia (de recursos) é outra coisa, o número de comissionamento é enorme. Eles dizem que vão cortar. Isso é mais importante do ponto de vista de dinheiro do que o número de ministérios.
Reduzir a máquina tem sido uma demanda da sociedade. Agir dessa forma pode atrapalhar o sucesso desse governo, que já não tem popularidade?
Tudo vai depender da exemplaridade do governo. Temer tem que fazer do limão uma limonada, transformar seu governo em um governo aceito pela população pela sua capacidade de resolver problemas difíceis. E ele vai precisar de apoio para isso. Essa foi a posição do PSDB. Não pode votar pelo impeachment e não apoiar o novo governo.
Por que o PSDB precisa entrar no governo e não só dar apoio no Congresso?
Se não entra no governo, perde credibilidade no público. Eu disse: tem que entrar para o governo com a disposição de sair. Não é entrar para ficar. O governo tem que cumprir certas funções. Tem que ter rumo.
Mas o partido, então, está assumindo um risco?
O PSDB está ciente desse risco. Não estamos num momento qualquer do Brasil. Acho que o PSDB tem que dar a cara. Se desse mais acharia melhor. Aécio (Neves) teve 50 milhões de votos. Ele podia pedir mais (espaço). Não teve condição por causa do enxugamento da máquina. Se o governo não funcionar, (o PSDB) cai fora.
É motivo para o PSDB cair fora se o Temer quiser a reeleição?
Eu não acho isso porque sou favorável à reeleição. Se ele for muito bem, ninguém segura. Mas acho pouco provável, ele não tem tempo para isso, a situação é muito difícil, o próprio Temer já tem uma certa idade. Não creio que ele tenha interesse.
O sr. já disse que acha a presidente Dilma uma pessoa honesta. Mantém essa avaliação?
Sim. Mas ela é responsável por políticas erradas e está pagando por isso. Ela é inocente, não está sendo acusada de crime nenhum. Ela foi irresponsável frente ao Orçamento. Agora, por trás de tudo está o resto: o governo perdeu o controle.
Como o sr. acha que Dilma vai entrar para a História?
Ela respeitou a Justiça, não fez pressão na Lava-Jato. Isso é um mérito. Não sei se fica muito mais coisa. É desagradável ter impeachment da primeira mulher que foi eleita.
Como o sr. viu o discurso de Dilma?
Está saindo como resistente. Ela estava forte, firme. O Lula me pareceu um pouco preocupado, o tempo todo nervoso. Ele provavelmente estava pensando que tinha pouca gente ali. As ruas estão calmas. Não aconteceu nada. O PT inventou uma narrativa: é golpe. Eles estão desempenhando o papel de concretizar essa narrativa. Uma narrativa que não se sustenta.
Nomear ministros investigados na Lava-Jato é uma posição firme contra a corrupção?
O Temer tem que fazer um milagre. Está numa circunstância em que o poder dele depende do Congresso. Tem que compor no Congresso porque não tem outra base. Não foi eleito, não é líder popular.
Isso não passa uma ideia de mesmice em relação ao governo Dilma?
Estamos numa fase em que todo mundo é acusado. Tem que ver a consistência. Virou réu, não pode ficar. Estou vendo com reservas (as nomeações). O Ministério tem que ter pessoas sérias, competentes, capazes de manejar a máquina e o Congresso.

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