Política

Equipe de Michel Temer tem investigado e citado na Lava Jato

Publicado em 14/05/2016, às 14h45   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)



Apesar de prometer não interferir na Lava Jato, o presidente interino Michel Temer (PMDB) trouxe para sua equipe um ministro que é investigado no Supremo Tribunal Federal e outro que é alvo de pedido de investigação por suspeitas ligadas à operação, de acordo com informações do jornal Folha. Além disso, há ainda três novos ministros que já tiveram seus nomes citados em conversas envolvendo delatores da Lava Jato –e outros, listados em planilhas apreendidas pela Polícia Federal.
Segundo a reportagem, o titular do Ministério do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), responde a um inquérito sob suspeita de integrar a organização criminosa que atuou na Petrobras e outro, que é um desdobramento da Lava Jato, relacionado à corrupção na Eletronuclear. Em sua delação premiada, o dono da UTC, Ricardo Pessoa, afirmou que Jucá lhe procurou para pedir doações à campanha de seu filho, candidato a vice-governador de Roraima, e que por isso doou R$ 1,5 milhão. O empreiteiro afirmou ter considerado que era contrapartida à obtenção da obra da usina de Angra 3.
Ainda de acordo com a publicação, já Henrique Alves se tornou alvo de dois pedidos de inquérito feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas que ainda não tiveram aval do Supremo para o prosseguimento das investigações. Em um deles, o foco é a relação de Henrique Alves com o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro.
"Em 22/6/2013, Henrique Alves envia mensagem para Léo Pinheiro, dizendo que poderia marcar com o presidente do Tribunal de Contas, irmão de Garibaldi [Alves, senador pelo PMDB-RN], para discutir algum problema envolvendo a OAS", escreveu o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no pedido de busca e apreensão contra o ministro, operação realizada no fim do ano passado.
Em troca, Henrique pedia recursos para sua campanha ao governo do Rio Grande do Norte. O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também é alvo desse pedido de inquérito.
Além disso, Janot pediu que Henrique Alves seja incluído como investigado no inquérito-mãe da Lava Jato, que apura uma organização criminosa na Petrobras.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) protocolou pedido a Janot para que ele suspenda a nomeação de ministros investigados, que passam a adquirir foro privilegiado.
O celular do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, apreendido na Lava Jato, mostra relação do empreiteiro com outros integrantes da cúpula do governo Temer. Não há informações, porém, se já há inquéritos para investigá-los.
Em uma das mensagens a Léo Pinheiro, Eduardo Cunha cita que correligionários estão "chateados" porque foram feitos repasses a pedido de Moreira Franco, agora secretário executivo do recém lançado Programa de Parceria para Investimento. A mensagem também faz referência a Temer.
O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB), aparece nas mensagens citando, por exemplo, a liberação de recursos da Caixa Econômica Federal para a OAS –Geddel ocupou uma vice-presidência do banco.
Já Eliseu Padilha (PMDB), ministro da Casa Civil, aparece em uma mensagem de funcionário de Léo Pinheiro na qual ele avisa ao empreiteiro que tem uma reunião marcada com o peemedebista.
Ministros também foram citados em planilhas apreendidas na casa de um ex-executivo da Odebrecht, em um total de 316 políticos de 24 partidos. Não é possível, contudo, dizer a que se referem os valores dessa "superplanilha", nem se foram efetivamente repassados. O fato de nomes estarem citados na lista não significa que estejam ligados a doações ilegais.
O material foi apreendido em fevereiro com o então presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Júnior. Do ministério de Temer estão na lista os nomes de Jucá, Henrique Alves, José Serra (Relações Exteriores), Ricardo Barros (Saúde), Mendonça Filho (Educação e Cultura), Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário), Bruno Araújo (Cidades) e Raul Jungmann (Defesa).
Os ministros de Michel Temer negaram participação no esquema de desvio de recursos da Petrobras.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp