Política

Odebrecht ganha prazo indeterminado de credores para pagar dívida de R$ 14 bi

Publicado em 31/05/2016, às 12h13   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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Uma dívida de US$ 4 bilhões, cerca de R$ 14 bilhões, mas sem prazo definido para pagar. Essa é a situação da Odebrecht Óleo e Gás (OOG) com seus credores, os detentores de bônus externos e os bancos Bradesco e Banco do Brasil. Segundo o jornal Estadão,os credores vão aguardar o fechamento de um acordo entre a empreiteira e a Petrobrás, em relação às condições dos contratos de seis navios-sonda da companhia. 
De acordo com a publicação, a situação da empresa de óleo e gás do grupo Odebrecht começou a se deteriorar depois que a própria Petrobrás cancelou a contratação de um navio­ sonda da companhia no fim do ano passado. Desde então, a OOG a passou a descumprir uma série de cláusulas dos contratos de bônus emitidos no exterior. Em uma delas, era prevista a reposição do contrato perdido com a Petrobrás, o que não foi feito. Depois disso, a empresa também deixou de pagar US$ 9,6 milhões em juros de uma série de bônus perpétuos, que não têm vencimento.
Segundo os advogados ligados aos credores externos, a OOG chegou a apresentar um plano de reestruturação, mas que acabou sendo questionado em função da dúvida em relação à receita futura da companhia. Desde abril, a Petrobrás, além de romper o contrato
de aluguel de um navio, está renegociando as condições de seis outros contratos em vigor, deixando essa incerteza.
Se os credores seguissem à risca o que ficou acordado em cláusulas da emissão de bônus, poderiam cobrar toda a dívida da Odebrecht Óleo e Gás, mas, segundo advogados dos credores, isso inviabilizaria completamente a companhia. “Por isso, os credores estão com boa vontade”, diz um dos advogados dos credores ao Estadão. Segundo o jornal, são três as séries de bônus externos emitidos pela empresa: uma de US$ 1 bilhão com vencimento em 2021, outra de US$ 2 bilhões vencendo em 2022 e US$ 550 milhões de bônus perpétuos.
Os bancos, por sua vez, seguiram a mesma linha dos detentores de bônus e já concederam um “stand still”, que nada mais é do que uma prorrogação do prazo de pagamento. Juntos, Bradesco e Banco do Brasil possuem cerca de US$ 400 milhões a receber da OOG. Os bancos também vão esperar até que as negociações com a Petrobrás terminem, mas as instituições não quiseram fazer comentários.
Ainda de acordo com fontes próximas à Odebrecht, já foram sete rodadas de negociação com a estatal sobre os novos valores dos contratos de aluguel dos navios­sonda, mas não há como ter uma previsão de fechamento de acordo. A petrolífera está promovendo uma grande renegociação de contratos com diversos prestadores de serviços, não só com a OOG. Com a recente mudança de diretoria da Petrobrás, a incerteza sobre quando e como vão chegar a um acordo fica ainda maior. A OOG não quis fazer comentários.
A empresa também não revela o valor total dos contratos que tem com a Petrobrás, mas, segundo alguns especialistas no setor, em função do volume de financiamentos é possível estimar que sejam na casa das dezenas de bilhões de reais. O grupo Schahin, por exemplo, que entrou em recuperação judicial, tinha dívidas de cerca de R$ 12 bilhões e seus contratos eram da ordem de US$ 15 bilhões.
O endividamento da empresa de óleo e gás da Odebrecht é um dos maiores do grupo, representando cerca de 15% do total da dívida bruta total do conglomerado registrado no balanço de 2014. Além de sofrer com o impacto da Operação Lava Jato, em que o principal executivo e controlador da empresa foi condenado à prisão por corrupção em contratos com a mesma Petrobrás, a OOG enfrenta ainda as condições adversas do setor de óleo e gás, que tem sofrido com a queda do preço do petróleo. Executivos da empresa dizem que não há demanda mundial por navios­sonda e cerca de 80 estão parados, sem contratos, em todo o mundo.
Argumento que parece ter sido aceito pelos credores, que concederam mais prazo à companhia. A escassez de demanda teria sido um dos motivos ao descumprimento da cláusula que previa a reposição do contrato até 90 dias após suspensão do contrato original.
*com informações do Estadão

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