A mulher do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Cláudia Cruz, afirmou em depoimento à força-tarefa da Lava Jato em Curitiba que a abertura de sua conta secreta no exterior foi sugerida pelo deputado e que ele próprio autorizava os gastos em lojas de luxo, de acordo com informações do jornal Folha.
Segundo a publicação, Claudia disse acreditar que os recursos eram provenientes de atividades de Cunha no mercado financeiro e empresarial e que nunca fez perguntas sobre a origem do dinheiro. "A depoente nunca se interessou em perguntar a Eduardo Cunha de onde era a origem do dinheiro utilizado no exterior", afirmou. E completou: "A depoente nunca tomou conhecimento de nenhuma atividade empresarial desenvolvida por Eduardo Cunha no exterior".
Um dos argumentos usados por Cunha para justificar o patrimônio no exterior é que vem de trabalho em comércio exterior nos anos 1980. Além disso, o deputado afirmou ao Conselho de Ética que apenas era "dependente" da conta de cartão de crédito de Cláudia. Claudia afirmou que ela "perguntou a Eduardo Cunha se poderia fazer aquisições de luxo e ele autorizava".
Afirmou ainda que quem levou os formulários para ela assinar, referentes à abertura da conta, foi o marido, autor da sugestão da abertura. "A depoente não declarou a conta às autoridades brasileiras porque quem era responsável por isto era Eduardo Cunha", disse.
A mulher do deputado contou também que não sabia o saldo da conta e nunca estranhou ela estar sempre com dinheiro. "A depoente não tem ideia de quanto ganha um deputado federal", diz o depoimento.
O depoimento de Claudia foi dado no dia 28 de abril, sob o acompanhamento de seu advogado. Ela é investigada em Curitiba depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, autorizou o desmembramento do inquérito contra Cunha, no qual foi denunciado sob acusação de receber propina nas contas secretas no exterior.
