Política

Tirar Célia da chapa pode fragilizar campanha de Neto

Publicado em 01/07/2016, às 11h50   Rodrigo Daniel Silva


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Como dois e dois são quatro, o deputado estadual Bruno Reis (PMDB) é dado como certo para compor a chapa do prefeito ACM Neto (DEM) nas eleições municipais deste ano. É verdade que o ex-chefe de gabinete, João Roma (PRB), corre por fora, mas o peemedebista é apontado como favorito para ser o vice do democrata.

A questão é que, para colocar Bruno Reis na chapa, o prefeito terá que tirar da atual vice Célia Sacramento (PPL) a oportunidade de ser reconduzida ao cargo. Embora venha “batendo o pé” dizendo que continuará na vice, Célia é carta fora do baralho de Neto por dois motivos: a falta de expressão do PPL e, segundo, porque o democrata vislumbra competir ao cargo de governador em 2018. Nos bastidores, o comentário é que a articulação política do Palácio Thomé de Souza projeta para o posto alguém de confiança e com competência administrativa.

O problema para Neto é que, sem Célia, a chapa dele perde representação feminina. Por concorrer contra duas mulheres, a senadora Lídice da Mata (PSB) e a deputada federal Alice Portugal (PCdoB), a ausência de figura feminina na chapa pode ser um “calcanhar de Aquiles” na campanha do democrata, observam aliados. “Isso com certeza trará uma fragilidade para o prefeito, porque hoje há um apelo muito forte pela representatividade feminina, que é muito baixa na política brasileira”, avalia o cientista político Maurício Ferreira Silva, que também é professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

Não há dúvidas, entre especialistas, que a oposição irá atacar o prefeito neste ponto. Para “pular essa fogueira”, o cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Joviniano Neto, aposta que o democrata evitará federalizar o debate na campanha, com discussões sobre o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) e a mobilização feminina. O próprio ACM Neto já disse que não quer focar nas “pendengas nacionais”. “Quero um debate municipal e para discutir os problemas de Salvador”, disse para coluna Tempo Presente, do jornal A Tarde.

Tanto Joviano quanto Mauricio Silva ressaltam que a ausência de uma mulher na chapa de Neto não será suficiente para o democrata perder a eleição para oposição. “Neste debate, haverá outras variáveis importantes, como as obras na orla e na periferia, o Plano Diretor, as ciclovias...”, pontuou o professor da UFRB.

Questionado pelo Bocão News se uma chapa feminina da oposição o obriga a colocar uma mulher na vice, Neto respondeu: “jamais pautei a minha decisão neste ou naquele sentido por causa do adversário”. “A dinâmica da nossa composição de chapa respeitará as questões de presente e de futuro de Salvador. Respeitará o sentimento majoritário dos partidos que nos acompanham. Agora, de maneira alguma, eu vou me pautar por qualquer posição tomada pela oposição”, destacou.

O prefeito fez questão de ressaltar ainda que não espera a decisão da oposição para lançar sua pré-candidatura. “Nem imaginava que a oposição chegaria até esse momento sem ter um candidato. Jamais defini minha estratégia em função disso”, frisou.

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