Política

A morte em vida de FHC

Imagem A morte em vida de FHC
De acordo com Walter Pinheiro, ex-presidente foi enterrado vivo pelo PSDB  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 09/07/2011, às 15h43   Redação Bocão News


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"Se morto está o ex-presidente é para o PSDB, seu filho ingrato. O partido fundado por Fernando Henrique o enterrou antes mesmo de ele deixar o Palácio do Planalto, em janeiro de 2003". Esse é apenas um trecho do artigo publicado pelo senador baiano Walter Pinheiro, do PT, no site do Congresso em Foco. Ao falar sobre recente homenagem recebida por FHC, Pinheiro diz que tucanos fizeram de tudo para se desvincular da imagem do criador do Plano Real durante as últimas eleições. Leia na íntegra:

Ao agradecer a homenagem que recebia no Senado em comemoração ao seu 80º aniversário, na semana passada, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou a certa altura que se sentia como se tivesse morrido, pois no Brasil, segundo ele, só se faz festa para quem já saiu desta vida para outra.

Se morto está o ex-presidente é para o PSDB, seu filho ingrato. O partido fundado por Fernando Henrique o enterrou antes mesmo de ele deixar o Palácio do Planalto, em janeiro de 2003. Foi durante a campanha eleitoral de 2002, vencida pelo ex-presidente Lula, quando o então candidato José Serra ignorou FHC solenemente.

Mas esta não seria a única vez. Toda a obra de FHC nos oito anos dos seus dois mandatos, e mais no tempo de ministro da Fazenda do presidente Itamar Franco, quando implantou o Plano Real, foi primeiro ignorada por Serra em 2002, depois por Geraldo Alckmin, em 2006, e novamente por Serra, em 2010.

Como Pedro fez a Cristo, o PSDB negou Fernando Henrique por três vezes.

Duas vezes ministro de FHC, Serra apresentou-se à sua sucessão com o equivocado discurso de “candidato da mudança”, sem nenhuma sintonia com o eleitor, àquela altura frustrado com o estelionato eleitoral da estabilização que reelegera Fernando Henrique.

Tentando se descolar de FHC, o candidato Serra negou responsabilidade com as privatizações, embora tivesse comandado o Ministério do Planejamento. Negou também culpa na epidemia de dengue que assolava o país, mesmo tendo dispensado, quando ministro da Saúde, 5.792 agentes da Funasa, os “mata mosquitos”.

Nessa estranha troca de sinais, depois de ter proposto “mudar” a administração FHC, Serra foi novamente candidato do PSDB no ano passado agora para “continuar” o governo Lula. O tucano passou a campanha perdido em meio a promessas de expandir o PAC, ampliar o Bolsa Família, levar às alturas o valor do salário mínimo.

Quando disputou a eleição com Lula, o atual governador de São Paulo Geraldo Alckmin usou o mesmo diapasão. Fugiu dos governos FHC como o diabo da cruz, sob o argumento de que não se deve dirigir com os olhos fixos no espelho retrovisor. Para negar que retomaria as privatizações, Alckmin chegou a vestir um macacão da Petrobras em juras de amor às empresas estatais.

Na verdade, salvo a estabilização, nem mesmo a privatização da telefonia o PSDB consegue mais comemorar. Foi o presidente da Anatel, Ronaldo Sardemberg, ex-ministro de FHC, quem desmistificou o tema, ao reconhecer que a universalização dos telefones no país deve-se, na verdade, ao aumento da renda da população promovida durante os dois governos de Lula.

O PSDB só festeja Fernando Henrique quando não tem eleição no horizonte. Quando há a necessidade de mostrar a sua obra, de comparar as realizações dos governos tucanos com as dos governos petistas, o ex-presidente é trancado a quatro chaves.

Filhos ingratos, os tucanos tratam seu maior líder como aquele ancião rejeitado pela família, que só sai do quarto em dia de aniversário para posar em fotos para a posteridade.

Foto: Bob Viana/Bocão News

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