De malas prontas para ingressar no PDT, o vereador Alcindo Anunciação só aguarda uma conversa com o advogado Ademir Ismerim, especialista em Direito Eleitoral, para saber a forma legal de deixar o Partido Social Liberal (PSL) sem correr o risco de sair prejudicado. Anunciação acusa ser alvo de perseguição por parte da direção da sua atual legenda, o que justificaria sua saída.
Segundo o vereador, o presidente do PSL na Bahia, Antônio Olivio Vasconcelos, mais conhecido como Toninho, tem pretensões de disputar uma vaga na Câmara Municipal de Salvador em 2012, por isso o trata de forma ríspida, já que ele (Alcindo) é o único representante da legenda com mandato na Câmara e Tuninho se sentiria ameaçado. “O PSL tinha dois, mas Alan Castro deixou a legenda e agora é a minha vez”, confessa o vereador.
Para ele, embora o partido tenha dois representantes na Assembleia Legislativa - os deputados Deraldo Damasceno e Nelson Leal - a visibilidade conquistada pelo PSL se deve ao seu trabalho. Mas o vereador entende que o presidente do PSL o persegue e já teria lhe avisado que não vai lhe dar legenda para a sua reeleição.
Diante disso, Alcindo Anunciação vem se articulando para ingressar no PDT, partido que, diz ele, mais se adequa ao seu perfil. Conta também a favor da legenda brizolista o fato de o deputado federal Marcos Medrado, pré-candidato à prefeitura de Salvador, com quem Alcindo tem fortíssimas ligações, integrar o PDT. “Vou apoiar Marcos e o melhor é que seja no seu partido”, admite o vereador, lembrando que já no
desfile do 2 de Julho vestiu a camisa do PDT. “Não escondo de ninguém. Não vou ficar onde não me querem e corro o risco de não poder disputar a reeleição”.
Outra dificuldade apontada por Alcindo Anunciação é o fato de ter uma atuação independente quando o presidente do seu partido está alinhado ao prefeito João Henrique. “Tenho gravada uma atitude ríspida de Toninho para comigo porque me recusei a acompanhá-lo ao gabinete do prefeito onde ele queria negociar cargos me usando. Não aceito isso. Sou independente e aprovo as propostas que forem boas para a cidade, sem fazer negociatas”, desabafou o vereador.
O clima entre o vereador Alcindo Anunciação e o presidente do PSL não parece nada amistoso. A animosidade entre eles fica clara na forma como Toninho devolve as alfinetadas do vereador. O presidente regional do PSL nega ser candidato a uma vaga na Câmara Municipal de Salvador e a suposta perseguição ao vereador, mas não esconde a “felicidade” com a notícia de sua saída do partido, o que é visto por Toninho como “um favor” à legenda. O dirigente acusa o vereador de “não ser partidário e apenas seguir as orientações do seu chefe, Marcos Medrado”.
Também diz que não criará nenhuma dificuldade para o vereador, por entender que a sua saída significará um expurgo para o PSL. “Estamos tirando todos que não prestam do partido. O vereador se diz independente, mas tem mais de dez cargos na prefeitura, todos ocupados por parentes. Ele se coloca dessa forma porque tenta acharcar o prefeito e não encontra espaço”, atira Toninho.
Segundo ele, o PSL não vai pedir o mandato do vereador, o que não implica que o suplente do partido, o advogado Plácido Farias (que ficou famoso após tornar-se marido de Adriana Barreto, apontada como ex-amante do então senador Antonio Carlos Magalhães na época do escândalo dos Grampos), o faça.
Toninho avisa ainda que não vai livrar o vereador do pagamento da dívida da contribuição partidária que ele (Alcindo) deve desde que se elegeu, equivalente a 5% do salário. “Está no estatuto do PSL e Alcindo nunca pagou. Isso vamos buscar até na Justiça se for necessário. O partido não abre mão ”, alerta o dirigente, acrescentando que Alcindo Anunciação terá que pagar todo o mandato, mesmo que deixe a legenda.
Foto: Roberto Viana // Bocão News
